Arafat veta novo gabinete palestino. Novo obstáculo à paz

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Por Agencia Estado
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O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Yasser Arafat, retardou nesta terça-feira a formação do novo gabinete ao vetar o nome escolhido pelo primeiro-ministro Ahmed Qureia para comandar as forças de segurança, contendo assim os cambaleantes esforços para a retomada das negociações de paz com Israel depois de três meses de contatos paralisados, informaram funcionários palestinos. Qureia apresentou nomes para todas as pastas de seu gabinete, com exceção do Ministério do Interior, cujo chefe exerce comando sobre as forças palestinas de segurança, revelaram as fontes. Qureia reuniu-se hoje com Arafat, mas os dois não conseguiram superar suas divergências sobre quem deveria ocupar o posto. O pano de fundo da disputa é a recusa de Arafat em ceder controle sobre parte dos serviços de segurança. O general Nasser Yousef - nome pretendido por Qureia - busca amplos poderes à frente do ministério. O mandato do governo de emergência liderado por Qureia expira hoje, mas ele informou que apresentará seu novo gabinete ao Parlamento já na próxima semana. Nos últimos dias, houve contatos modestos entre autoridades israelenses e palestinas. Enquanto o novo gabinete palestino não é formado, o governo de Israel aguarda para que, depois da aprovação de todos os ministros, seja marcada uma reunião entre Qureia e o primeiro-ministro do Estado judeu, Ariel Sharon. Os dois líderes conversariam sobre a possibilidade de declaração de uma trégua e discutiriam formas de romper o impasse sobre a implementação do roteiro para a paz, um plano elaborado pelo chamado Quarteto de mediadores. O documento prevê a criação de um Estado palestino soberano e independente até 2005 e um tratado definitivo de paz entre as partes em conflito. O Quarteto é composto por Estados Unidos, Rússia, União Européia (UE) e Organização das Nações Unidas (ONU). Israel e EUA recusam-se a negociar com Arafat, acusando-o de ser "manchado pelo terrorismo". Ambos insistem em negociações com um gabinete da ANP cujo ministro de Interior exerça controle sobre as forças palestinas de segurança. Arafat pressiona para que Hakam Balawi, homem de sua confiança ocupe o cargo. Qureia insiste na indicação de Yousef, um general com ampla experiência nos serviços de segurança que no passado foi ligado a Arafat, mas recentemente tornou-se crítico do presidente palestino, disseram funcionários da ANP sob condição de anonimato. Enquanto isso, uma pesquisa divulgada nesta terça-feira mostra os palestinos pessimistas com relação às perspectivas de paz ao mesmo tempo em que muitos apoiam os atentados suicidas e operações dos grupos armados dentro de Israel, assim como na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. A pesquisa conduzida pelo grupo palestino JMCC constatou que 72% dos entrevistados estão pessimistas no que diz respeito a uma solução pacífica para o conflito árabe-israelense. Em resposta a outras questões, 68% disseram-se favoráveis a novos ataques contra alvos israelenses, 62% apóiam atentados suicidas e 57% são contra a suspensão de ataques dentro de Israel. A pesquisa consistiu em entrevistas pessoais com 1,198 adultos palestinos entre os dias 18 e 21 de outubro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

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