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Araújo troca reunião sobre Venezuela por evento de religião com Trump

Chanceler mudou a agenda na sede da ONU, em Nova York, na véspera da Assembleia Geral

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla
Atualização:

NOVA YORK - O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, mudou sua agenda nesta segunda-feira, 23, para substituir uma reunião sobre a crise na Venezuela por um debate sobre liberdade religiosa, com a presença do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Ambos os compromissos acontecem na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na reunião sobre liberdade religiosa na véspera do início da Assembleia Geral da ONU Foto: Jason Szenes/EFE/EPA

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A agenda de Araújo previa a participação do chanceler na reunião do Grupo de Lima, com os países que tentam aumentar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela.

Já depois de iniciada a reunião, no entanto, a assessoria do chanceler informou que ele não estava presente no local, mas sim em uma sala de conferências em frente, onde aconteceu um debate sobre proteção à liberdade religiosa. 

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, também esteve presente no evento sobre liberdade religiosa, assim como o vice-presidente americano, Mike Pence

Trump foi o primeiro presidente americano a participar de uma conferência de proteção à liberdade religiosa na ONU. O tema tem recebido ampla atenção da Casa Branca. “Os Estados Unidos são fundados no princípio de que nossos direitos não vêm do governo. Eles vêm de Deus”, disse Trump, no evento.

O uso da liberdade religiosa como pilar da política externa americana ganhou força no governo do presidente Donald Trump, a despeito de o republicano não ser considerado uma pessoa religiosa. A avaliação corrente nos EUA é de que o tema agrada parte da base eleitoral de Trump, que são os cristãos evangélicos preocupados com a discriminação ao redor do mundo.

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Críticos do presidente consideram, no entanto, que o governo americano é seletivo na defesa das liberdades ao condenar países como Irã e China sem denunciar abusos cometidos por aliados, como a Arábia Saudita.

Ernesto Araújo,das Relações Exteriores, pediu demissão nesta segunda-feira, 29 Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

Com a mudança, o Brasil foi representado na discussão sobre a Venezuela pelo embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, secretário de negociações nas Américas do Itamaraty. O Brasil tem sido um dos apoiadores da oposição a Maduro liderada pelo presidente autoproclamado Juan Guaidó.

Parte da delegação do líder da oposição venezuelana foi credenciada para participar da Assembleia Geral da ONU como integrantes da delegação brasileira.

Há três meses, durante o encontro do G-20 de Osaka, Japão, foi a vez do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, faltar a uma reunião do Grupo de Lima. O encontro estava previsto na agenda oficial do presidente, mas ele decidiu dar entrevista à imprensa brasileira no mesmo horário e não participou do debate sobre a Venezuela.

Na ocasião, um integrante da comitiva brasileira afirmou ao Estado, sob reserva, que o Grupo de Lima discutia “mais do mesmo” sobre a situação de Maduro.

Bolsonaro desembarca nesta segunda-feira às 16h40 (horário de Brasília) em Nova York, onde fará o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU na manhã da terça-feira. O discurso do presidente deve durar o tempo protocolar de 20 minutos.

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