Argentina arrastará agonia da conversibilidade

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A Argentina perdeu a chance de sair da conversibilidade e desvalorizar a moeda, e agora vai ter de arrastar essa agonia para depois das eleições, marcadas para março, lembrou um membro da equipe econômica do ex-ministro Domingo Cavallo, em entrevista à Agência Estado. "O país não tem mais saída se não a desvalorização, já que a moratória, ainda que organizada, não será suficiente. Não há mais como segurar a crítica situação financeira", disse a fonte. Para o funcionário, que ainda permanece no cargo porque não tem a quem entregar sua carta de demissão, a decisão do recém-empossado presidente provisório da Argentina, Adolfo Rodríguez Saá, de manter a paridade foi estritamente política, porque tecnicamente não é mais sustentável. "Os peronistas arcariam com os custos, e provavelmente isso poderia prejudicá-los nas eleições antecipadas para março", acrescentou. Enquanto isso, os economistas argentinos continuam a manter opiniões contraditórias sobre a manutenção da paridade, a moratória e a criação de uma terceira moeda. Orlando Ferreres, ex-vice-ministro da Economia, disse ao jornal Clarín que a emissão da terceira moeda "destina-se explicitamente a desvalorizar os salários. O funcionário público receberá a nova moeda e ao pagar, ela já valerá menos. Isso é uma desvalorização implícita". Para Marcelo Lascano, as medidas são realistas. "Gostemos ou não, trata-se de um plano realista", afirmou. "Não temo uma reação externa (por causa da moratória), embora me preocupe. Mas seguramente a moratória argentina era tida como certa pelos mercados há meses." O ex-secretário da Economia Manuel Solanet, adepto do liberalismo econômico, considerou "lamentável" o anúncio da moratória unilateral. "Ouvimos um discurso (de Rodríguez de Saá) de tom demagógico. Na área estritamente econômica, não concordo com a emissão de uma terceira moeda. Isso implica emitir para cobrir um desequilíbrio fiscal. No entanto, o plano de austeridade proposto seria aceitável." Segundo Solanet - autor da fracassada reforma do Estado que o ex-ministro da Economia Ricardo López Murphy tentou colocar em prática -, a reforma que Rodríguez Saá quer fazer representa apenas "um congelamento de desempregos". Por sua vez, Jorge Avila, do centro de estudos Cema, disse que a moratória durará "até que o governo se reorganize". Leia o especial

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.