03 de fevereiro de 2015 | 20h12
Dois juízes federais se eximiram. Ariel Lijo, que tem em mãos uma causa que aponta irregularidades no início da investigação do atentado à Amia, recebeu de Nisman a denúncia de que o governo protegeu iranianos acusados do ataque em troca de favores comerciais. Lijo argumentou que as denúncias de Nisman, sobre fatos de 2010 a 2014, estavam desconectados daqueles sobre os quais ele trabalhava. A denúncia foi sorteada entre cinco juízes. O premiado foi Daniel Rafecas, que antes de sair de férias tomou uma precaução: deixou orientação de que, caso fosse sorteado, declarava-se impedido. A decisão caberá agora a uma instância superior.
Há pelo menos duas razões para a falta de interessados. A primeira é a própria denúncia de 300 páginas, considerada frágil por parte dos juristas. A outra é o mistério em torno da morte, sinal de que poucos creem no suicídio de alguém que esclareceria as acusações no dia seguinte no Congresso – e em vez de nota suicida deixou uma lista de compras para a empregada.
Um dirigente da Delegação de Associações Israelitas-Argentinas, Waldo Wolff, que recebeu mensagem de Nisman na véspera da morte, pediu que alguém analise o papel dos acusados. “Que estão ocorrendo coisas estranhas, estão. Espero que os juízes não tenham medo, ou então que se dediquem a outra coisa”, disse à rádio La Red. “É uma hora importante para salvar essa sociedade, um momento de se vestir a camiseta, sobretudo na magistratura.”
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