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Argentina deve sofrer forte ajuste fiscal

Por Agencia Estado
Atualização:

O novo ministro da Ecomomia, Ricardo López Murphy, estaria preparando uma série de medidas, que consistiriam em fortíssimos cortes dos gastos do Estado - ao redor de US$ 3,5 bilhões. A informação foi fornecida por diversas fontes governamentais aos meios de comunicação argentinos e confirmada por analistas econômicos, que sustentam que, em troca do drástico ajuste, López Murphy ofereceria a redução de alguns impostos, entre eles o Imposto sobre o Lucro, como forma de estimular o consumo e os investimentos. Calcula-se que com esta redução tributária ficariam liberados para a economia ao redor de US$ 1,5 bilhão. O ministro também aplicaria cortes em diversos subsídios e isenções fiscais, entre elas a dos combustíveis, na região sul do país, e do tabaco, das províncias do norte. Cálculos realizados pelo próprio López Murphy antes de integrar o governo afirmavam que com esta economia o governo obteria US$ 19 bilhões. O ministro já estaria satisfeito se conseguisse pelo menos US$ 5 bilhões. Entre as áreas atingidas estariam as províncias argentinas cujas assembléias legislativas possuem gastos exorbitantes com seus parlamentares provinciais. É o caso da província de Formosa, onde o deputado ganha salário de US$ 2 milhões anuais. Além disso, na mira do ministro estariam as universidades públicas, que poderiam passar a ser pagas em alguma proporção. Enquanto estuda que medidas tomar, López Murphy se prepara para a chegada da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) na semana que vem. À missão, comandada por Thomas Raichmann, López Murphy terá de explicar que as metas fiscais do primeiro trimestre serão ultrapassadas em talvez mais de US$ 300 milhões. Uma das saídas do novo ministro para colocar as contas em ordem seria enxugar mais ainda as contas das províncias. Prevendo que López Murphy possa ameaçar suas contas, os governadores do partido Justicialista (também conhecido como "peronista"), da oposição, reuniram-se na cidade de La Plata para analisar uma estratégia comum a tomar diante do ministro. Os governadores controlam as principais províncias do país e também o Senado. No entanto, antes da chegada da missão do FMI, López Murphy recebeu um forte apoio do governo norte-americano através de seu embaixador em Buenos Aires, James Walsh. O diplomata saiu de seu tradicional costume de nada comentar sobre a política argentina para - surpreendentemente - definir a designação de López Murphy para o Ministério da Economia como "brilhante". Walsh comentou que havia conhecido o novo ministro há vários anos e que "é um economista mundialmente conhecido". O jornal Página 12 comentou com ironia que, se a diplomacia ainda se comunicasse através de telegramas, a ordem de Washington à embaixada na Argentina teria sido esta: "Nos interessa López Murphy. Stop. Máximo apoio. Stop."

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