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Argentina é país perigoso, segundo europeus

Por Agencia Estado
Atualização:

A Argentina transformou-se em sinônimo de perigo e de convulsão social em diversos países europeus e até nos Estados Unidos. Milhares de turistas que pretendiam vir a este país cancelaram suas viagens, e europeus que possuem parentes neste país preferem esperar que estes os visitem, antes de ter que colocar os pés em um país constantemente tumultuado por panelaços, piquetes nas estradas e ocasionais saques aos supermercados e comércios. Uma das vítimas do temor europeu pelos acontecimentos na Argentina é Luis Urquiza, que nos anos 70 exilou-se na Dinamarca após ter sido violentamente torturado durante a última ditadura militar (1976-83). Urquiza é pai de duas meninas dinamarquesas, as quais pretendia levar à Argentina para passar as férias com seus parentes argentinos. No entanto, a Justiça dinamarquesa determinou que as meninas não viajem à província de Córdoba, onde moram os parentes de Urquiza, "porque seria um risco ir à Argentina neste momento. As condições são instáveis". No início da ditadura, Urquiza era um estudante de psicologia que trabalhava como policial. Em 1976, no início da ditadura, foi detido por ser suspeito de ser um "infiltrado" na polícia. Durante dois anos foi espancado diariamente em sua cela, além de ter sido baleado à queima-roupa no joelho. Urquiza tentou argumentar junto à Justiça dinamarquesa que, no feriado de Semana Santa "uma enorme quantidade de turistas estrangeiros visitou a Argentina e nenhum deles foi morto". Além disso, perguntou: "Como a Dinamarca reagiria se eu e minhas filhas estivéssemos morando na Argentina, e a Justiça de meu país proibisse as crianças de viajarem à Dinamarca alegando que nesse país existe racismo?". Poucos dias atrás, a Justiça espanhola determinou que duas crianças argentinas residentes na Espanha não poderiam voltar a morar na Argentina. A família envolvida é a de Walter Trangoni, cuja esposa, Karina Vanuzzi, foi passar as férias na casa dos pais nas ilhas Canárias. Vanuzzi decidiu não voltar mais à Argentina. A Justiça argentina ordenou que as crianças fossem devolvidas a este país. No entanto, a Justiça espanhola determinou que "a situação de crise da Argentina pode prejudicar o futuro das crianças". A esposa de Trangoni alegou que na Argentina seus filhos poderiam ter um futuro de "mendicância". Em fevereiro, o diretor americano Peter Bodganovich suspendeu sua viagem à Argentina por temor aos tumultos sociais. Bodganovich seria uma das estrelas do Festival de Cinema de Mar del Plata.

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