28 de abril de 2010 | 20h03
Os presidentes reafirmaram o compromisso de respeitar a sentença do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), emitida na semana passada, determinando a obrigatoriedade de consultas bilaterais antes de qualquer decisão relacionada ao Rio Uruguai. No entanto, o TIJ não se pronunciou sobre o bloqueio argentino, há quase quatro anos, de uma das três pontes que unem os dois países. O Uruguai alega que o fechamento da ponte provoca prejuízos econômicos ao país, enquanto os moradores da região afirmam que a fábrica prejudica o meio ambiente e que só abrirão a ponte quando a unidade for transferida. A sentença do TIJ diz que a fábrica não tem de ser desmontada.
Os presidentes não fizeram nenhuma menção ao problema. Ao mesmo tempo em que Cristina destacou "a vontade política de acatamento da sentença", a qual, segundo ela, "não tem uma visão estritamente legal", não deixou de mencionar, em várias oportunidades de seu discurso, o fato do Uruguai ter autorizado a instalação da fábrica sem consultar a Argentina.
"O cumprimento do Estatuto do Rio Uruguai é o único caminho político para evitar conflitos e situações como os que vivemos e não queremos que se repitam", disse ela. Depois da provocação, Cristina anunciou que a partir da próxima reunião com Mujica, eles vão tratar de outros assuntos para "construir uma agenda bilateral, igual à que a Argentina possui com outros países amigos, como: Chile, Brasil e Venezuela".
Cristina e Mujica se comprometeram a "ressuscitar" a Comissão Administradora do Rio Uruguai (Caru), composta por representantes de ambos os lados. "Vamos dar os recursos necessários para que a Caru cumpra sua tarefa e que fiscalize o impacto ambiental que Botnia pode chegar a provocar nas águas do rio", ressaltou Cristina, que cutucou mais uma vez. "A comissão vinha fazendo um trabalho que, obviamente, foi interrompido pelo conflito".
A Argentina culpa o ex-presidente Tabaré Vázquez por não ter informado à Caru sobre a instalação da fábrica Botnia-UPM, que entrou em funcionamento em novembro de 2007. Mujica também deslizou uma crítica ao antecessor. "É muito mais barato ter regras de jogo bem clarinhas, que podemos definir juntos, do que a dor que nossas sociedades sofreram pelo conflito".
O presidente uruguaio aproveitou para fazer a advertência de que o choque entre os vizinhos "é somente uma parte de um problema crescente que todas as sociedades vão ter em todos os rios da Terra, mas todos podemos trabalhar sem agredir o meio ambiente".
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