Argentina eleva tom de críticas aos EUA por carga de avião militar

Ministro diz que aeronave dos EUA, cuja carga seria usada para treinar polícia argentina, continha drogas e armas não previstas.

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Por Marcia Carmo
Atualização:

O governo argentino elevou nesta terça-feira o tom das críticas contra os Estados Unidos por causa de um avião militar americano que aterrissou no país na quinta-feira (10) e partiu no sábado (19). O chefe de Gabinete (chefe da Casa Civil) da Presidência argentina, ministro Aníbal Fernández, disse que o avião portava armas e drogas que não estavam na lista de itens previstos. Parte do carregamento, que seria usado para treinamento de policiais federais argentinos, foi embargado pelas autoridades do país. "A embaixada dos Estados Unidos nos entregou uma lista com o material que entraria (no país). Mas nos deparamos com armas, diferentes drogas e material para interceptar comunicações (que não estariam na lista)", disse Fernández. Segundo ele, não se pode entrar na Argentina "com qualquer coisa". "Se fosse o contrário, com material argentino nos Estados Unidos, os envolvidos estariam em Guantánamo", disse. Guantánamo é uma base e prisão militar americana no Caribe. Na véspera, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Hector Timerman, disse que o avião, que aterrissou no aeroporto internacional de Ezeiza, de Buenos Aires, levava "material camuflado dentro de um carregamento oficial". Ele afirmou que havia "desde armas a diferentes drogas, incluindo morfinas, material medicinal vencido e aparelhos tecnológicos com códigos e marcados como secretos". Pouco depois das declarações de Fernández, a presidente Cristina Kirchner afirmou que os argentinos devem "defender a soberania nacional", o que foi intepretado por analistas locais como um recado aos Estados Unidos. Reação Autoridades americanas responderam às acusações dizendo que a carga obedecia o combinado com ministros do governo Kirchner. "A Argentina sabia que havia armas no avião e que eram para treinamento. Não estamos tentando esconder nada", disse o subsecretário de Defesa, Frank Mora. Segundo ele, o episódio é "grave" e "sem precedentes" nas relações bilaterais, "mas será resolvido". Mora disse ainda que os medicamentos apreendidos também fariam parte dos treinamentos, assim como os equipamentos tecnológicos. "Não há nada irregular", afirmou. O sub-secretário de Estado adjunto dos EUA, Arturo Valenzuela, disse que o material era "do conhecimento da Argentina" e deveria ser "devolvido" ao país. Já Fernández afirmou que Valenzuela "não diz a verdade". Nesta terça, segundo a imprensa local, a Justiça argentina solicitou informações aos dois governos para deliberar sobre uma possível investigação do caso. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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