PUBLICIDADE

Argentina testa foguete após 15 anos

Tronador, lançado secretamente em julho, marca volta do país ao setor depois da desativação do míssil Cóndor, em 92

Por Ariel Palacios e Buenos Aires
Atualização:

Quinze anos depois da desativação do Cóndor - um míssil desenvolvido por militares durante três décadas -, a Argentina volta ao mundo dos foguetes com o lançamento do Tronador I. O novo modelo - um protótipo em pequena escala do Tronador II, meta para os próximos anos - foi lançado secretamente no início de julho perto da cidade de Bahía Blanca, onde o Exército argentino possui uma base naval. A existência do Tronador I foi revelada ontem pelo jornal La Nación, que indicou que o foguete, de 4 metros de comprimento, é parte de um ''''ambicioso plano para colocar o país na corrida espacial''''. Segundo o jornal, a próxima etapa é o Tronador II, que terá sistema de navegação orientado por GPS, com alcance de 400 quilômetros e capacidade de transportar carga de 200 quilos. O foguete, de acordo com decretos do governo, tem como finalidade a colocação em órbita de um satélite para uso oficial e também para comercialização de empresas privadas. O governo do presidente Néstor Kirchner determinou nos últimos três anos a reativação da indústria bélica argentina, paralisada nos anos 90. Desde 2004, construiu o protótipo de um novo tanque militar, o Patagón, e desenvolveu de forma conjunta com o Brasil o veículo Gaucho. Mas, a princípio, o novo foguete argentino não teria usos militares. As especificações do projeto do Tronador II estão dentro das características determinadas pelas convenções internacionais, que pretendem evitar a proliferação de foguetes bélicos. A empresa que desenvolveu o protótipo Tronador, a Veng, é controlada por uma comissão do governo, a Conae, mas recebe investimentos públicos e de empresas privadas. O míssil Cóndor foi eliminado em 1992, a pedido dos Estados Unidos. O projétil começou a ser desenvolvido no final dos anos 60 e tinha raio de ação de 1.000 quilômetros. Nos anos 80, durante o governo do então presidente Raúl Alfonsín (1983-89), recebeu um forte impulso. Em 1989, quando era candidato presidencial, Carlos Menem tinha a intenção de continuar com o desenvolvimento do míssil e até ofereceu a entrega de tecnologia à Líbia em troca de fundos para sua campanha. Mas, em 1991, Menem já havia deixado seus planos originais de lado. Na época, alinhado com os Estados Unidos, aceitou a eliminação do projeto e a destruição dos protótipos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.