
07 de outubro de 2013 | 12h53
Apesar do repouso, Cristina manteve reuniões ontem com assessores mais próximos e deve continuar reunindo-se com seus homens de confiança: o secretário de Assuntos Legais e Técnicos, Carlos Zannini; o chefe de Gabinete, Juan Manuel Abal Medina; e o secretário da Presidência, Oscar Parrili; além do filho Máximo.
Segundo os médicos, a situação clínica da presidente não é grave e não necessitaria de cirurgia, já que o repouso ajudaria a reabsorção do hematoma. Por isso, Boudou ficará encarregado das funções meramente protocolares nesse período, como solenidades públicas. "A presidente está em suas plenas funções para tomar decisões", disse a fonte. "O repouso é preventivo e ativo."
Cristina, no entanto, não poderá participar ativamente da reta final da campanha para as eleições parlamentares do dia 27 de outubro. Depois da derrota sofrida nas primárias de agosto, ela vinha tentando reverter o cenário eleitoral, mas pesquisas apontam um novo resultado ruim para seu partido, o Frente pela Vitória (FPV), sublegenda do Partido Justicialista, que poderia perder o controle do Senado e ganhar alguns assentos na Câmara. No entanto, pelas pesquisas, o governo teria que sepultar a ideia de obter maioria qualificada para promover uma reforma constitucional que habilitaria Cristina a concorrer a um terceiro mandato em 2015.
Desgastado - Boudou regressa ao centro do cenário do governo após um forte desgaste político pelas inúmeras denúncias e processos que o investigam por supostos atos de corrupção. O processo mais grave é o denominado caso Ciccone, no qual é acusado de enriquecimento ilícito e por negócios incompatíveis com a função pública. Quando Cristina foi reeleita, com 54% dos votos, escolheu Boudou como seu parceiro e ele era apontado como um possível sucessor. Desde que as denúncias estouraram, Boudou passou a ser o político com a pior imagem pública do país.
Sem prestígio político e envolvido em denúncias, Boudou foi relegado a segundo plano pela Casa Rosada e Cristina deu ordens para que ele não se envolva na campanha eleitoral deste ano. Além disso, o filho de Cristina, Máximo, é um claro desafeto de Boudou porque ouviu uma gravação telefônica na qual o vice-presidente falou de maneira inadequada sobre a presidente.
Máximo também não gosta do estilo playboy do vice, que apareceu em fotos e vídeos tocando guitarra em shows, andando em motocicletas de luxo e dando beijos escandalosos na namorada em noites de baladas.
Boudou é desafeto também do ministro de Transportes, Florencio Randazzo, e do líder da bancada governista no Senado, Miguel Pichetto. Nos bastidores da política, as informações são de que Randazzo vazou para a imprensa informações que vincularam Boudou com o caso Ciccone.
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