
23 de agosto de 2012 | 21h40
BUENOS AIRES - O ex-ditador e general Reynaldo Bignone sentou-se nesta quinta-feira, 23, mais uma vez no banco dos réus para responder pelos crimes cometidos durante a ditadura militar (1976-83) em Campo de Maio, o maior quartel do Exército argentino. Bignone, o último ditador do regime, está sendo julgado no Tribunal Federal Número 1 de San Martín, na Grande Buenos Aires, com o general Santiago Omar Riveros e outros sete ex-oficiais.
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Os acusados responderão pelo sequestro e assassinato de 20 pessoas, entre elas sete mulheres grávidas. Além disso, serão julgados pelo roubo de um bebê em 1976, Laura Catalina de Sanctis Ovando, hoje com 36 anos, cuja identidade foi descoberta em 2008. Todos os réus prestavam serviço militar na época.
Ao longo dos próximos meses os juízes avaliarão a responsabilidade de Bignone, de 85 anos, no funcionamento de uma maternidade clandestina em Campo de Maio, um dos maiores centros de detenção e tortura da ditadura. Estimativas indicam que nessas instalações militares, na zona noroeste da Grande Buenos Aires, o regime foi responsável pela morte de 5 mil civis. Ao longo dos sete anos de ditadura, os militares teriam sequestrado e assassinado 30 mil pessoas.
Os bebês nascidos no cativeiro eram removidos de suas mães e entregues a famílias de militares e policiais estéreis. As mães biológicas eram assassinadas. A organização das Avós da Praça de Maio calcula que 500 bebês foram sequestrados pela ditadura. Até o momento, 106 crianças, atualmente adultas, descobriram suas identidades originais.
Bignone governou a Argentina entre o fim da Guerra das Malvinas, em junho de 1982, e a volta da democracia, em dezembro de 1983. Em 1985, ele foi julgado e condenado, mas em 1990 recebeu indulto do então presidente Carlos Menem (1989-99). Em 2004, com a revogação das Leis de Perdão no Parlamento, Bignone tornou-se alvo de novos processos nos tribunais.
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