18 de março de 2011 | 00h00
O fim dos sete anos de exílio de Aristide chegou a provocar um mal-estar entre os EUA e a África do Sul. Washington levantou suspeitas sobre as intenções do ex-presidente, que chega ao seu país dois dias antes do segundo turno das eleições, e pediu para que ele adiasse sua viagem para depois da votação.
O presidente americano, Barack Obama, telefonou para seu colega sul-africano, Jacob Zuma, para alertá-lo sobre o "potencial desestabilizador" da volta de Aristide. Pretória, porém, disse que não poderia "mantê-lo refém" no país.
Em Porto Príncipe, simpatizantes de Aristide construíam ontem um grande palco branco na região da casa do ex-presidente. "Seja bem-vindo Titide (apelido de Aristide no Haiti)", diziam os cartazes que emolduram o palanque.
Depois de uma nova mão de tinta rosa no muro, a residência do político ganhou ontem uma fileira de bandeirinhas vermelho e azul do Haiti, colocadas sobre o muro.
Volta de Duvalier. No domingo, haitianos vão às urnas para escolher entre o astro pop Michel Martelly e a ex-primeira-dama Mirlande Manigat. Integrantes do Lavalas negam que a volta do Aristide tenha por objetivo atrapalhar as eleições. O fim do exílio seria "motivo de festa e não de violência", disseram vários militantes no QG do partido.
Em menos de três meses, Aristide é a segunda personalidade política a retornar ao Haiti do exílio. Em janeiro, depois de 25 anos vivendo na França, o ex-ditador Jean-Claude Duvalier, o "Baby Doc", desembarcou de surpresa em Porto Príncipe.
"Vim para ajudar", disse o homem que aterrorizou o país entre 1971 e 1986, quando acabou deposto por uma revolta popular. Três dias depois de retornar, ele foi indiciado por corrupção e desvio de verbas. Duvalier chegou a ser detido no hotel onde estava hospedado, mas foi liberado logo depois e permanece na capital haitiana à disposição da Justiça local.
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