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Arizona enfrenta boicote por causa de lei de imigração

Grupos de defesa de direitos humanos e políticos da Califórnia promovem boicote ao Estado

Por BBC Brasil
Atualização:

WASHINGTON - Políticos de San Francisco, Los Angeles e Washington organizaram nesta quinta-feira, 29, um boicote ao governo e a algumas empresas do Arizona por causa da polêmica lei aprovada na sexta-feira passada que autoriza a polícia a interrogar imigrantes sobre a sua situação legal no país. O grupo ativista Care2 lançou na internet o site "Boycott Arizona!" (Boicote o Arizona!), que promove o boicote ao governo do Estado e a empresas que apoiem políticos do Estado. Vários grupos de defesa dos direitos humanos e o próprio presidente Barack Obama pediram que o Departamento de Justiça reavalie a validade da lei. A lei de imigração, assinada pela governadora do Arizona, Jan Brewer, transforma a imigração ilegal em crime passível de multa e de prisão, criminalizando também quem empregar ou ajudar imigrantes ilegais. Ela ainda dá à polícia o poder de parar e interrogar qualquer pessoa "suspeita" de ser imigrante ilegal - segundo grupos de defesa de direitos humanos, isso abre precedente para abusos e racismo. Medo de represálias Segundo a imprensa americana, o prefeito de San Francisco, Gavin Newsom e a vereadora de Los Angeles, Janice Hahn, se declararam a favor do boicote, mas de acordo com a rede americana de TV Fox News, Newsom também criou um grupo para analisar se, e como, o boicote econômico poderia prejudicar empresas de San Francisco. Mas a Fox afirma que alguns grupos de empresários da cidade temem represálias a San Francisco. O presidente do Senado da Califórnia, Darrel Steinberg, também se declarou favorável a um boicote ao Arizona, segundo a imprensa americana, mas o governador do Estado, Arnold Schwarzenegger teria expressado cautela. Em Washington, o Conselho da capital americana planeja aprovar uma resolução até a semana que vem pedindo ao governo da cidade que boicote o Arizona, informou o jornal Washington Post. Os primeiros efeitos deste boicote já estão sendo sentidos, principalmente na indústria do turismo. Primeiros reflexos Na própria sexta-feira, pouco depois da assinatura da lei, a direção da Associação Americana de Advogados de Imigração (AILA, na sigla em inglês) instruiu o seu Comitê Executivo a transferir a conferência de outono da associação, marcada inicialmente para o Arizona. "A gente não pode, em sã consciência, gastar os dólares da associação em um Estado que desumaniza as pessoas que representamos e pelas quais lutamos", disse o presidente da AILA, Bernie Wolsford. "O que a governadora Brewer fez ao assinar esta lei é validar todos os medos irracionais das pessoas que não querem reconhecer os benefícios econômicos e culturais da imigração para o nosso país." No Arizona, mesmo aqueles que se opõem à lei de imigração, questionam a validade de um boicote, afirma a Fox. A Arizona Hotel and Lobbying Association, que reúne hotéis e empresários de turismo do Estado, lançou uma página no site de relacionamentos Facebook, fazendo campanha contra o boicote. O grupo pede que a indústria do turismo, que emprega cerca de 200 mil pessoas, não seja prejudicada por uma disputa política.

 

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