Arnold Schwarzenegger compara invasão do Capitólio a 'Noite dos Cristais' nazista

Em vídeo que viralizou no Twitter, ex-governador da Califórnia chamou Trump de 'pior presidente' da História e fez duras críticas a integrantes do seu próprio Partido Republicano

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Por Redação
Atualização:

LOS ANGELES, EUA — Em um vídeo que viralizou no Twitter neste domingo, 10, o ex-governador da Califórnia e astro da franquia "Exterminador do Futuro", Arnold Schwarzenegger, condenou duramente a invasão do Capitólio por defensores do presidente Donald Trump no último dia 6. O republicano comparou o evento da semana passada com a Noite dos Cristais, um dos episódios mais marcantes do nazismo.

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No incidente ocorrido em 1938, um prelúdio do Holocausto, cerca de 100 judeus foram mortos, mais de mil sinagogas foram destruídas e milhares de casas, pequenos negócios e centros judeus foram vandalizados na Alemanha, na Aústria e na Tchecolosváquia. Cerca de 30 mil judeus foram detidos e enviados para campos de concentração.

"A quarta-feira foi a Noite dos Cristais aqui nos Estados Unidos. Os vidros quebrados foram os da janela do Capitólio", disse, afirmando que os Proud Boys, grupo de extrema direita que apoia Trump, correspondem aos nazistas da atualidade. "A turba não quebrou apenas as janelas da capital, mas despedaçou as ideias que dávamos como garantidas."

Com as bandeiras dos EUA e da Califórnia ao fundo, Schwarzenegger, que se naturalizou americano em 1983, contou suas experiências crescendo no país da Europa Central e as comparou com o que vê hoje nos EUA:

"Sendo da Europa, eu vi em primeira mão como as coisas podem sair do controle", disse ele, que nasceu em 1947, apenas dois anos após o fim da Segunda Guerra.

O republicano, que foi governador da Califórnia entre 2003 e 2011, disse não crer que algo similar vá ocorrer nos EUA, mas alertou que os americanos devem estar conscientes "das duras consequências do egoísmo e do cinismo".

Depois de ser fisiculturista e ator, Schwarzenegger ficou conhecido por ter sido governador do Estado da Califórnia, um dos maiores dos Estados Unidos, entre 2003 e 2011. Antes, porém, ele já havia tido uma experiência política durante o governo de Bush pai no começo da década de 1990, ocupando um cargo no Conselho Presidencial de Saúde e Esportes. Foto: Heinz-Peter Bader / Reuters

No vídeo de pouco mais de sete minutos, que atraiu mais de 14,3 milhões de visualizações em 7 horas, ele relatou como foi crescer cercados por homens que recorriam ao álcool pela "culpa por terem participado do regime mais maléfico da História". Seu pai, assim como seus vizinhos, voltava para casa bêbado uma ou duas vezes por semana, assustando as crianças e agredindo sua mãe.

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O ex-governador disse nunca ter falado publicamente sobre isso por ser algo doloroso, mas que optou por fazê-lo agora para ressaltar a "dor emocional" que estes homens carregavam pelo que fizeram ou viram:

"Meu pai e nossos vizinhos também foram enganados por mentiras", ele disse. "E eu sei onde essas mentiras terminam."

Schwarzenegger, um crítico antigo de Trump, descreveu o presidente como um "líder fracassado" e o "pior presidente da História". Citando o livro escrito pelo ex-presidente John Kennedy, "Perfis de Coragem", o ex-governador disse que diversos republicanos atuais nunca verão seus nomes em obras similares em razão do que chamou de "covardia".

"A parte boa é que em breve, [Trump] será tão irrelevante quanto uma mensagem velha no Twitter", ele afirmou.

Demandando uma união bipartidária, Schwarzenegger ressaltou a necessidade de reparar os danos à democracia. Fazendo uma referência à seu filme "Conan, O Bárbaro" (1982), ele levantou uma espada que estava em sua mesa, explicando que para forjá-lo, é necessário bater com um martelo, esquentá-lo e resfriá-lo diversas vezes:

Arnold Schwarzenegger interpreta Conan, o bárbaro, em filme de 1982. Foto:

"Essa é a espada do Conan", ele disse. "Nossa democracia é como o metal dessa espada. Quando mais temperado ele é, mais forte fica."

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