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Articulistas críticos deixam 'El Universal'

Após venda, jornal venezuelano afasta críticos do governo Maduro; sindicato denuncia 'censura'

Por CARACAS
Atualização:

A saída de 20 articulistas das páginas do jornal venezuelano

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El Universal

- na maioria, críticos ao governo - causa controvérsia na Venezuela. O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP, na sigla em espanhol) denuncia que os autores têm sido censurados, desde a venda do diário, mas a nova direção do veículo assegura que aplica mudanças que atendem ao código de ética e ao manual de estilo da publicação.

O grupo empresarial espanhol Epalistica comprou o Universal, mas os nomes dos sócios do conglomerado e o valor da negociação permanecem desconhecidos. Após o novo diretor, Jesús Abreu Anselmi, assumir, mudanças nas páginas de opinião do jornal ocasionaram a saída de alguns colaboradores, além da não publicação de diversos artigos opinativos e uma caricatura.

O SNTP declarou na segunda-feira que 26 articulistas - em sua maioria, contrários ao chavismo e ao governo de Nicolás Maduro - foram "censurados e retirados" das páginas do Universal nos últimos dias. As mudanças nos editoriais do jornal têm provocado discussões, especialmente em redes sociais da internet, e questionamentos por parte de ativistas e do sindicato dos jornalistas - que se dizem preocupados.

"Nos últimos dias, apresentaram-se uma série de inconvenientes na muito importante seção de opinião de El Universal, a partir da entrada em vigência de novas normas para o tratamento dos artigos", declarou o jornal em seu editorial de ontem, afirmando que deixou de publicar alguns artigos porque os textos "não correspondem ao código ético".

O diário venezuelano atribuiu as recentes mudanças a uma busca por "retomar o manual de estilo" e "resgatar o equilíbrio necessário".

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"El Universal disse aos articulistas, muitos deles com muitos anos escrevendo para o diário, que ainda que se busque o centro da opinião, é possível a coexistência de diferentes ideias e posições, com o balanço e o equilíbrio necessários e, acima de tudo, o bom uso da linguagem, com respeito e guardando a honra de terceiros", afirmou o editorial, publicado na primeira página do jornal.

Carlos Correa, diretor da ONG Espaço Público, que defende jornalistas e a liberdade de expressão, afirmou que os argumentos do Universal para a não publicação de certos artigos se trata de um "subterfúgio para um mecanismo que é, basicamente, uma mudança na linha editorial".

O Universal foi o terceiro meio de comunicação que mudou de dono desde a eleição de Nicolás Maduro para a presidência, em abril do ano passado. Em maio de 2013, a emissora de TV Globovisión foi vendida e, pouco após a transação, os novos donos afirmaram ter se comprometido com o governo Maduro a serem "sensatos" com suas informações. Em outubro, o grupo jornalístico Cadena Capriles mudou de mãos e, em fevereiro, os jornalistas da empresa denunciaram sua mudança editorial.

/ AFP e EFE

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