
04 de março de 2021 | 05h00
Incêndios na Amazônia, furacões na América Central, uma lagoa seca no Chile, todos são exemplos da devastação da mudança climática na América Latina e no Caribe. Vivemos um momento-chave para repensar juntos o futuro do clima e do desenvolvimento pós-pandemia para alcançar uma agricultura sustentável e resiliente.
O desafio é ainda maior hoje, dado o impacto da covid-19. Antes da pandemia, 47,7 milhões de pessoas viviam com fome na região, e espera-se que a insegurança alimentar atinja níveis históricos devido ao impacto econômico e social da pandemia.
A mudança climática pode empurrar mais de 122 milhões de pessoas, principalmente agricultores, para a pobreza extrema até 2030; aumentar os preços dos cereais em 29% até 2050; e tornar o acesso à água, que já afeta 40% da população, ainda mais difícil.
Nossa capacidade de alcançar a segurança alimentar global, erradicar a pobreza e alcançar o desenvolvimento sustentável sem comprometer a capacidade e a qualidade dos recursos naturais está sob ameaça.
A FAO está apoiando os países da região na mitigação e adaptação às mudanças climáticas como parte da Agenda 2030 (Metas de Desenvolvimento Sustentável) e do Acordo de Paris, um compromisso da comunidade internacional para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
No Brasil, a Organização está trabalhando com o governo para combater o processo de desertificação, aplicando as melhores práticas em gestão de recursos naturais e restauração da paisagem.
Isto, fortalecendo a gestão de ecossistemas e integrando a conservação da biodiversidade em paisagens florestais produtivas com um duplo propósito: mitigar a mudança climática e apoiar as comunidades rurais em sua adaptação.
Outra iniciativa promissora, onde a FAO e a CEPAL atuam como secretariado, é a Plataforma para a Ação Climática na Agricultura da América Latina e do Caribe – PLACA, lançada na COP25.
O Brasil já faz parte da PLACA, assim como Argentina, Bahamas, Chile, Costa Rica, Guatemala, México, Peru, Uruguai, República Dominicana, fazem parte dela e estão promovendo a ação climática.
O objetivo da plataforma é gerar um espaço regional para promover a colaboração para implementar medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas na agricultura. Ela também procura gerar um espaço regional para o intercâmbio de conhecimentos, tecnologias e práticas colaborativas na agricultura, buscando avançar na implementação de políticas que favoreçam o crescimento com menos emissões.
Recuperar-se da pandemia e repensar o futuro do clima é possível e compatível.
*Oficial da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para mudança climática e política ambiental
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.