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Artigo sugere que Strauss-Khan foi vítima de 'de conspiração' em caso de abuso

Em artigo para revista americana, jornalista investigativo sugere que ex-diretor do FMI foi vítima de armação para denegrir sua imagem.

Por BBC Brasil
Atualização:

Um jornalista investigativo está colocando lenha na fogueira das intrigas em torno da prisão, em maio, do ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Khan, por acusações de violência sexual contra uma camareira de um hotel em Nova York. Um artigo do jornalista Edward Jay Epstein publicado na revista "The New York Review of Books" reforça a "teoria da conspiração" de que Strauss-Khan - então o nome mais cotado da oposição para concorrer à Presidência da França contra o atual ocupante do cargo, Nicolas Sarkozy - teria sido alvo de uma conspiração para denegrir sua imagem. O artigo de Epstein analisa minuciosamente as imagens de circuito interno de TV do hotel Sofitel, em Nova York, do dia 14 de maio último, data em que Strauss-Khan foi acusado de ter cometido abuso sexual em Nova York e ter sido preso antes de embarcar para Paris. O artigo contém ainda registros contidos nos cartões eletrônicos usados para abrir a porta da suíte presidencial onde Strauss-Khan estava hospedado, no 28º andar, e as suítes vizinhas. Argumento falho Uma das razões para a decisão da Justiça americana de abandonar as acusações contra Strauss-Khan foi justamente a revelação de que a camareira ocultou o fato de ter entrado em um quarto vizinho antes e depois do ato sexual - forçado, segundo ela, voluntário, segundo ele - com o então chefe do FMI. Partidários da "teoria da conspiração" suspeitam de que a camareira, Nafissatou Diallo, possa ter sido orientada por alguém - cuja identidade o hotel não forneceu - que estaria dentro do quarto ao lado. Se esse detalhe não tivesse sido omitido, a polícia teria examinado a suíte ao lado da de Strauss-Khan. Sem isso, a perícia foi considerada incompleta. Mas mais que uma acusação, o artigo, como seu próprio nome indica, é um questionamento: "O que realmente aconteceu com Strauss-Khan?", pergunta o jornalista. As perguntas superam as respostas no caso. Os registros dos cartões eletrônicos dos funcionários mostram, por exemplo, que um outro funcionário masculino do hotel, Syed Haque, entrou no quarto de Strauss-Khan um minuto antes da sua colega - quando Strass-Khan estava tomando banho. Por que ele não disse a ela que o hóspede estava no quarto, questionou o jornalista. Como Haque se recusou a testemunhar na Justiça, a questão fica sem resposta. Os investigadores também desconfiam das razões que teriam levado o hotel a esperar uma hora antes de avisar à polícia que sua funcionária tivesse sido vítima de um abuso sexual violento. Sarkozy As debilidades na versão da camareira fizeram a Justiça americana abandonar as sete acusações pelas quais o ex-diretor do FMI respondia. Antes disso, ele tinha liberado da sua prisão domiciliar sob fiança de US$ 1 milhão. Entretanto, estas fraquezas não implicam diretamente, como querem os defensores da "teoria da conspiração", o presidente Nicolas Sarkozy. Epstein observa que René-Georges Querry, diretor de segurança da rede Accor, francesa, já havia trabalhado para Ange Mancini, hoje coordenadora de inteligência do presidente Sarkozy. No dia de sua prisão, Strauss-Khan teria tomado conhecimento, através de uma amiga que trabalha no partido de Sarkozy, de que esse telefone e seu computador estavam grampeados. Pouco depois, o BlackBerry sumiu e nunca mais foi visto. Quando Strauss-Khan ainda tentava recordar onde havia visto o celular por último, o equipamento de localização via satélite do aparelho foi desligado, impedindo o seu rastreamento. Epstein diz que um amigo de Strauss-Khan emprego no corpo diplomático da França já havia alertado o chefe do FMI sobre "um esforço para constrangê-lo com um escândalo". As suspeitas são reforçadas por imagens das câmeras de segurança do hotel, que mostram dois funcionários da segurança do hotel comemorando com uma "dancinha" para celebrar. Dias depois, em um email para um amigo, Xavier Graff, diretor de gerenciamento de risco da rede Accor, que controla o Sofitel, se vangloriou do caso, dizendo que "no Sofitel, conseguimos derrubar DSK (Dominique Strauss-Khan)". Vazado para a imprensa francesa, o email causou a suspensão de Graff, que alegou que havia feito apenas uma "piada". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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