PUBLICIDADE

Artimanhas tornam-se arma em ruas de Gaza

Hamas esconde-se entre civis e israelenses passam-se por árabes

Por Steven Erlanger e Jerusalém
Atualização:

A batalha urbana que se desenrola na densamente povoada Faixa de Gaza é uma guerra de novas táticas, rápida adaptação e truques mortíferos. Veja comentário do jornalista Roberto Godoy na TV Estadão O Hamas, treinado pelo Irã e Hezbollah, usou os dois últimos anos para transformar Gaza num labirinto de túneis, armadilhas e sofisticadas bombas à beira de estradas. Os arsenais ficam escondidos em mesquitas, escolas e habitações civis. Segundo a inteligência israelense, a sala de guerra dos líderes do Hamas é um abrigo fortificado sob o maior hospital de Gaza. Recusando-se a combater abertamente, os militantes do Hamas estão lutando vestidos com roupas de civis; até a polícia recebeu ordens de tirar seus uniformes. Os militantes emergem dos túneis para disparar armas automáticas e foguetes - e então desaparecem novamente no subterrâneo. Num prédio de Zeitoun, ao norte de Gaza, o Hamas preparou uma armadilha criativa. De acordo com um jornalista israelense que acompanha soldados, os militantes instalaram um manequim em um dos corredores. Eles esperavam confundir os soldados e fazê-los atirar no boneco. O manequim estava preparado para explodir e derrubar o prédio todo. O Exército israelense também se preparou. Cada soldado está equipado com colete e capacete de cerâmica. Cada unidade militar traz consigo cães treinados para farejar explosivos e pessoas escondidas em túneis, além de contar com engenheiros treinados para desarmar bombas. Para evitar armadilhas, os israelenses entram nas construções por buracos abertos nas laterais, em vez de usar a porta da frente. Depois de entrar, vão de cômodo em cômodo abrindo buracos em paredes internas para evitar a exposição a francoatiradores. Os israelenses também estão usando novos armamentos, como uma bomba de pequeno diâmetro e extrema precisão. Ela minimiza os danos colaterais num ambiente urbano, mas também é capaz de penetrar no solo para atingir abrigos fortificados e túneis. As forças de Israel recorrem ainda a alguns truques. Pessoas fluentes em árabe telefonam para os habitantes de Gaza e fingem ser simpatizantes egípcios, sauditas, jordanianos ou líbios, disseram os moradores de Gaza, informação que foi confirmada por Israel. Depois de expressar seu horror diante dos ataques israelenses e perguntar sobre o bem-estar da família, os autores das chamadas perguntam sobre se a família apoia o Hamas e se há combatentes no prédio ou nas redondezas. Com essas artimanhas, ambos os lados estão aprimorando as táticas no novo campo de batalha, adaptando-as rapidamente à realidade.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.