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As promessas de Donald Trump para 100 dias

Incerteza foi a palavra com que a imprensa saudou a posse de Donald Trump. Mas não há muita dúvida sobre o que ele fará no poder

Por Helio Gurovitz
Atualização:

Incerteza foi a palavra com que a imprensa saudou a posse de Donald Trump. Mas não há muita dúvida sobre o que ele fará no poder. Trump divulgou 18 promessas para os primeiros 100 dias de governo. Seis destinam-se ao combate à corrupção, sete à economia e cinco à segurança. Também se comprometeu a encaminhar, neste período, dez propostas legislativas.

Antes de seguir à Casa Branca, Trump assina as primeiras nominações de seu gabinete Foto: Scott Applewhite / POOL

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Eis as principais promessas: congelamento de contratações no governo federal; limites à atividade de lobistas; renegociação do Nafta e saída do TPP; retaliações no comércio exterior, em especial contra a China; suspensão de restrições ambientais às indústrias de petróleo, carvão, xisto e gás natural; suspensão dos pagamentos a programas climáticos das ONU; suspensão de decretos de Barack Obama tidos como “inconstitucionais”; suspensão do financiamento a cidades-santuário para imigrantes; indicação de um novo juiz para a Suprema Corte; expulsão de 2 milhões de ilegais “criminosos”, com cancelamento de visto americano a países que não os aceitarem de volta e suspensão da imigração de regiões “propensas ao terror”.

No campo legislativo, Trump proporá uma emenda constitucional para limitar a reeleição de parlamentares, alívio de impostos, novos programas de infraestrutura, energia, educação, saúde, segurança, proteção de empregos e combate à corrupção. O problema não é saber o que Trump fará. É insistir em não acreditar.

Apromessa que Obama não cumpriu Assim que assumiu o poder, em 2009, Obama assinou o decreto mandando fechar a prisão de Guantánamo, em Cuba. Na sexta-feira, ainda havia 41 presos por lá. Desses, 26 oferecem risco, são “prisioneiros para sempre”. Dos outros, só dez foram denunciados, e três deles, condenados. Num esforço de última hora, dez foram extraditados para Omã na segunda. Outros quatro saíram na véspera da posse de Trump. Havia ainda cinco em condições para extradição. Mas não cumpriram formalidades a tempo – e micaram.

Foi a economia ou o racismo? Qual o fator decisivo para a vitória de Trump: a decadência econômica nas regiões industriais ou o ressurgimento do racismo? Eis a conclusão de um estudo da Universidade de Massachusetts sobre a diferença na votação em Trump entre os brancos, segundo o nível de instrução: “Muito pouco dela pode ser explicado por dificuldades econômicas. A maior parte parece resultar de racismo e sexismo.”Ou terá sido a falta de perspectiva? Mas não é possível desprezar a influência de fatores econômicos. “A privação não explica o apoio a Trump”, diz Ben Casselman, do FiveThirtyEight. “Mas ansiedade econômica é outra coisa.” Privação se refere à situação atual: pobreza, desemprego e salário baixo. Ansiedade, à perspectiva futura: capacidade de pagar empréstimos, escola dos filhos, plano de saúde e poupar para a velhice. Tudo isso está relacionado ao voto em Trump.O preço do protecionismo Cálculo do economista chinês Min Zhu, em Davos: se Trump impuser uma tarifa de 45% a importações da China, o crescimento chinês cairia um terço, e o americano, pela metade.A mentira que dá dinheiro Cameron Harris, assessor parlamentar de Maryland, foi demitido por ter forjado notícias falsas na campanha eleitoral americana. Manchete mais compartilhada: “Dezenas de milhares de votos fraudulentos em Hillary encontrados em armazém de Ohio”. Tinha até foto – e era tudo mentira. Harris investiu US$ 5 no site e chegou a faturar US$ 22 mil com anúncios na eleição. “Fiquei chocado com como era fácil fazer as pessoas acreditarem”, disse. “Uma experiência sociológica.”A verdade que custa dinheiro A história de Harris, toda ela verdadeira, foi revelada por um jornal que investirá US$ 5 milhões para ampliar sua sucursal de Washington e preparar a cobertura investigativa do governo Trump – o New York Times.

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"Uma guerra comercial significaria uma catástrofe de proporções inéditas. Temos uma responsabilidade coletiva de evitá-la” Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, no Fórum Econômico Mundial, em Davos

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