09 de abril de 2020 | 21h03
PARIS - O presidente da França, Emmanuel Macron, visitou nesta quinta-feira, 9, o médico Didier Raoult, que há várias semanas administra um derivado da cloroquina para tratar pacientes com coronavírus em um hospital na cidade de Marselha. Macron deve se pronunciar à nação em quatro dias para falar sobre as medidas de isolamento no país.
A viagem do chefe de Estado ao sul do país foi feita de surpresa e em meio ao debate na comunidade científica sobre os benefícios desta substância no tratamento contra a covid-19, que na França já causou quase 11 mil mortes.
Macron, que havia feito uma de suas visitas diárias a um hospital da região de Paris pela manhã, mais tarde foi de surpresa a Marselha, onde o hospital dirigido por Raoult tem longas filas de pacientes para serem testados e receberem o tratamento proposto pelo médico.
O medicamento que se baseia em um derivado da cloroquina não foi validado pelo Comitê Científico que assessora o governo francês - do qual Raoult é membro, embora não pratique por diferenças com seus pares -, que considera que os benefícios para os pacientes de covid-19 não estão suficientemente provados.
O ministro da Saúde, Olivier Véran, defende que o tratamento com cloroquina só deve ser prescrito para pacientes em estado grave e em ambiente hospitalar.
Isso não impediu Raoult de continuar os testes clínicos e prescrever cloroquina a centenas de pacientes todos os dias, com o apoio de outros médicos que pedem ao governo que a adote para evitar o avanço da pandemia no país.
O médico de Marselha, que ganhou prêmios internacionais, defende que o derivado da cloroquina deve ser administrado no início da doença, para evitar que os pacientes entrem em um estado grave.
Nesse contexto, Macron optou por visitar Raoult quatro dias antes de se pronunciar novamente à nação, provavelmente para detalhar o prolongamento das medidas de isolamento social que começaram a valer em 17 de março.
Segundo a rede de televisão BFMTV, houve controvérsia entre assessores de Macron sobre a realização dessa viagem, o que pode dar a impressão de que ele apoia o tratamento defendido por Raoult.
A emissora disse que ele embarcou para Marselha após ser convencido pela primeira-dama, Brigitte Macron. A visita também tem um componente político, já que há várias semanas a oposição conservadora, especialmente no sul do país, vem apoiando o tratamento de Raoult contra a posição apoiada pelo governo. / EFE
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