Ásia convive com risco de confronto atômico

Guerra provocada por Coreia do Norte com EUA e países asiáticos poderia terminar com milhões de mortos

PUBLICIDADE

Foto do author Rodrigo Turrer
Por Rodrigo Turrer
Atualização:

Além da nova corrida armamentista, há outros temores palpáveis. O potencial conflito nuclear entre EUA e Coreia do Norte preocupa a maioria dos especialistas. Os dois países passaram a maior parte de 2017 ameaçando se bombardear com armas nucleares

Coreia do Norte faz teste de míssil balístico de pequeno alcance Foto: KCNA via KNS / AFP

PUBLICIDADE

Uma guerra provocada pela Coreia do Norte envolvendo os EUA e países asiáticos poderia ter um desfecho com milhões de mortos, mesmo que Pyongyang usasse poucas ogivas nucleares. Isso porque os EUA teriam de enviar 200 mil soldados para destruir o arsenal de Kim Jong-un. Seul, capital da Coreia do Sul, estaria em ruínas em razão da grande capacidade de artilharia da Coreia do Norte.

Bruce Klingner, um veterano da CIA especialista em Coreia do Norte, escreveu para a Heritage Foundation que o líder norte-coreano não seguiria os passos do iraquiano Saddam Hussein, que permitiu a invasão do Iraque. “Achávamos que a Coreia do Norte usaria armas nucleares apenas como parte de um último suspiro”, escreveu Klingner. “Mas a análise de documentos do país mostra que Kim usaria armas nucleares nos estágios iniciais de um conflito, não nos últimos.”

Tensão entre Índia e Paquistão

Índia e Paquistão são outra preocupação. Os dois países entraram em guerra três vezes desde 1947 e ambos são potências nucleares. Preocupações desse tipo levaram muitos a pressionar por um mundo não nuclear. 

Beatrice Fihn, líder da Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2017. Ela e sua equipe ajudaram 69 países a adotar o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares na ONU, embora nenhuma das nações nucleares tenha assinado o pacto.

Serão necessários 50 países para ratificar o tratado para que ele se torne lei internacional. Até agora, apenas 19 o fizeram. Enquanto Beatrice espera ver outros 31 países ratificarem o tratado, ela acha que já está havendo um efeito. “O tratado vai mudar uma lógica de dissuasão e as expectativas de comportamento”, afirmou em uma entrevista de 2018. “Pressionará os países a não buscar armas nucleares e outras armas de destruição em massa. É como um sinal de não fumar.”

Publicidade

Políticos e teóricos mais realistas discordam dessa visão. Elbridge Colby, ex-subsecretário do Pentágono, escreveu em outubro na revista Foreign Affairs que “os EUA deveriam considerar as armas nucleares como ferramenta-chave para enfrentar os desafios globais apresentados por Rússia e China”. 

“Imagine que todos os países democráticos concordassem em acabar com seu arsenal: o que garantiria que algum tirano ou ditador não mantivesse suas ogivas? Se é paz que você quer, prepare-se para a guerra nuclear.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.