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Asilo do Peru a Rosales leva Chávez a convocar embaixador

Lima rejeita entregar o líder opositor e Caracas promete reavaliar as relações bilaterais

Por AFP , Efe e CARACAS
Atualização:

O governo venezuelano ordenou ontem o "retorno imediato" de seu embaixador em Lima, Aristides Medina, para consultas em Caracas e anunciou "o início de uma fase de avaliação integral" de suas relações com o Peru. As medidas são um protesto contra o fato de o governo peruano ter concedido asilo político ao opositor venezuelano Manuel Rosales na segunda-feira, alegando "razões humanitárias". "A concessão de asilo a Rosales constitui uma violação do direito internacional, um duro golpe na luta contra a corrupção e uma ofensa ao povo venezuelano", afirmou a chancelaria da Venezuela, em comunicado. Em visita a Rio Branco, no Acre, o presidente do Peru, Alan García, disse que não quer que a decisão de seu governo de dar asilo a Rosales prejudique as relações com Caracas. "Não queremos que nenhuma circunstância ou peripécia altere nossas boas relações", afirmou García, pouco depois de o premiê do Peru, Yehude Simón, também ter feito um apelo para que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, reavaliasse sua decisão. "Espero que essa mensagem chegue a Chávez: não temos absolutamente nada contra ele; ao contrário, aqui só há apreço e desejos de que faça um bom governo", disse. Derrotado por Chávez nas eleições de 2007, Rosales é uma das figuras mais destacadas da oposição venezuelana. Ex-governador do Estado de Zulia e atual prefeito de Maracaibo, ele fundou o partido opositor Um Novo Tempo. Rosales é acusado de enriquecer de forma ilícita no período em que foi governador de Zulia. Há pouco mais de uma semana, ele pediu asilo político ao Peru, alegando ser vítima de perseguição política por parte de Chávez. No dia seguinte, um tribunal na Venezuela emitiu uma ordem de prisão contra o opositor e pediu à Interpol que o capturasse. De Lima, Rosales fez um discurso duro no qual se referiu a Chávez como um "ditador" que "pisoteia a Constituição venezuelana". Preocupado, o chanceler peruano, José Antonio García Belaúnde, pediu a Rosales que não fizesse proselitismo político no Peru. RELAÇÕES BILATERAIS As relações entre Venezuela e Peru passaram por altos e baixos nos últimos anos. Em 2006, o Peru retirou seu embaixador em Caracas depois que Chávez chamou García, então candidato, de "ladrão". Na época, o líder venezuelano declarou seu apoio ao candidato de esquerda à presidência peruana Ollanta Humala, o que foi interpretado por Lima como uma interferência em assuntos internos. Chávez também rompeu relações com o Peru depois que García venceu, pois o novo presidente havia qualificado o venezuelano e o presidente boliviano, Evo Morales, de "crianças mimadas". As relações foram retomadas mais tarde, apesar de a Venezuela ainda criticar o Peru por assinar um tratado de livre comércio com os EUA. BRIGAS PASSADAS Ofensa - Em 2006, Chávez chamou o então candidato e hoje presidente do Peru, Alan García, de "ladrão". Em protesto, o governo peruano chamou de volta seu embaixador em Caracas Réplica - Após a vitória de Garcia, foi a vez de Chávez romper relações diplomáticas com o Peru. O presidente peruano havia chamado Chávez e o boliviano Evo Morales de "crianças mimadas"

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