Assad quer tomar toda Alepo antes da posse de Trump, diz autoridade síria

ONU alerta para fuga em massa da cidade de pessoas tentando escapar do conflito e alerta que as reservas de comida estão praticamente esgotadas

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Por Redação
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BEIRUTE - A Síria e seus aliados pretendem expulsar os rebeldes de Alepo antes de Donald Trump assumir como presidente dos Estados Unidos, disse uma autoridade de alto escalão da aliança militar pró-Damasco no momento em que forças pró-governo obtiveram suas maiores vitórias na cidade em anos.

Os rebeldes enfrentam um dos momentos mais graves da guerra, já que as forças pró-governo expulsaram combatentes de mais de um terço do território que controlam na cidade nos últimos dias. Milhares de civis fugiram em busca de segurança.

Famílias sírias fogem de vários distritos da Província de Alepo Foto: AFP

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"Os russo querem finalizar a operação antes de Trump assumir o poder", disse a fonte, repetindo um cronograma anterior que fontes pró-governo haviam dito ter sido elaborado para mitigar os riscos de qualquer mudança na política americana para a guerra síria. O Ministério da Defesa russo não respondeu de imediato sobre tal cronograma.

O funcionário do governo, que não quis ser identificado para poder falar livremente, indicou mesmo assim que a próxima fase da campanha pode ser mais difícil porque o Exército e seus aliados estão tentando capturar áreas mais densamente povoadas.

Os combatentes rebeldes lutaram bravamente pare impedir que as forças governamentais penetrassem ainda mais no enclave dominado pela oposição nesta terça-feira, confrontando milícias simpáticas ao presidente sírio, Bashar Assad, que tentavam tomar a área a partir do sudeste, disse uma autoridade insurgente.

O ataque ao leste de Alepo ameaça aniquilar o centro urbano mais importante na luta contra Assad, que se mantém firme na ofensiva há mais de um ano graças ao apoio militar russo e iraniano.

Capturar o leste rebelado de Alepo seria a maior vitória de Assad até o momento no conflito, que já matou centenas de milhares de pessoas desde que emergiu em resultado dos protestos contra seu governo quase seis anos atrás.

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Enquanto Rússia e Irã vêm se mantendo resolutamente ao lado de Assad, os rebeldes dizem que seus apoiadores estrangeiros, incluindo os EUA, os deixaram entregues à própria sorte em seu enclave sitiado no leste de Alepo, maior cidade da Síria antes da guerra civil.

Forças de Damasco auxiliadas por milícias xiitas do Irã, do Líbano e do Iraque arremeteram contra a área dominada pelos insurgentes na semana passada. A autoridade pró-Assad disse que as linhas rebeldes cederam mais rápido do que o esperado.

Fuga. Aproximadamente, 16 mil civis que viviam em áreas do leste de Alepo, conquistadas pelo Exército sírio nos últimos dias, fugiram e buscam desesperadamente se refugiar em áreas mais seguras, denunciou nesta terça-feira o principal responsável da ONU para Assuntos Humanitários, Stephen O'Brien.

"Relatórios iniciais indicam que até 16 mil pessoas foram deslocadas, muitas em situações incertas e muito precárias. Se os combates continuarem e aumentarem nos próximos dias, seguramente haverá milhares mais que não terão mais opção, além de fugir. Estou muito preocupado com o destino dos civis como resultado de uma situação muito alarmante e apavorante na cidade de Alepo", indicou O'Brien em comunicado.

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O'Brien lembrou que não há nenhum hospital em funcionamento na cidade e as reservas de comida estão praticamente esgotadas. "As partes em conflito na Síria demonstraram que estão dispostas a realizar qualquer ação para manter uma vantagem militar incluindo se isso significar assassinar, mutilar ou matar de fome os civis", disse ele.

O responsável humanitário afirmou que nos distritos em poder dos efetivos governamentais, a ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) oferecem assistência aos civis que chegaram. Além dessas ações paliativas, O'Brien pediu a todas as partes em conflito que "restaurem a humanidade básica na Síria". / REUTERS e EFE 

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