16 de dezembro de 2016 | 08h26
GENEBRA - O governo sírio anunciou nesta manhã, 16, que suspendeu a saída de milhares de civis e rebeldes do leste de Alepo. O regime de Bashar Assad acusa a oposição de ter violado o acordo, estabelecido na quinta-feira.
Segundo Damasco, rebeldes em outras cidades teriam bloqueado a saída de civis de locais controlados pela oposição. Pelo acordo, o governo liberaria a saída de Alepo se os rebeldes fizessem o mesmo em outros locais.
Informes ainda apontam que milícias chegaram a disparar contra os ônibus colocados em Alepo para retirar os civis. Pelo menos 6 mil pessoas já deixaram a região, mas a ONU estima que outros 50 mil ainda estão presos na cidade.
Nesta manhã, tanto o Comitê Internacional da Cruz Vermelha quanto a Organização Mundial da Saúde foram obrigadas a deixar a cidade síria. “Há alguns minutos, a operação foi abortada”, disse Elizabeth Hoff, representante da OMS em Alepo. “Fomos pedidos que abandonemos a área com ônibus e ambulâncias. Mas nenhuma explicação foi dada”, afirmou.
A OMS estava na cidade para monitorar a saída, medida que havia sido negociada pela ONU. A ideia era conceder passagem segura para pacientes e feridos.
Até agora, 147 pessoas feridas haviam conseguido sair do local. Mas Hoff alertou que “um número muito grande ainda precisa sair”. “Existem muitas mulheres e criança. Eles chegaram a vir até o local dos ônibus, mas o plano foi abortado”, disse. “Ninguém sabe o que está ocorrendo. A operação é muito complexa”, explicou Hoff.
Há dois dias, a ONU acusou o governo de Assad de "crimes de guerra" por seus ataques contra civis em Alepo. Para o governo russo, aliado de Damasco, a culpa é dos terroristas.
Comboio. Carros particulares deixaram Alepo junto aos comboios de ônibus que retiravam combatentes rebeldes e civis da cidade, disseram autoridades locais e grupos de monitoramento. "Pessoas em seus próprios carros foram autorizadas a sair junto com os ônibus hoje", disse Zakaria Malahifji, uma autoridade do grupo Fastaqim.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), sediado no Reino Unido, afirmou que carros deixavam a cidade conforme os esforços para finalizar a desocupação de milhares de pessoas da região parecia acelerar. Uma autoridade do governo sírio responsável por supervisionar as retiradas confirmou os relatos. /com REUTERS
Veja abaixo: Ambulância é atacada em Alepo
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