Assange diz que Equador quer encerrar seu asilo político e entregá-lo aos EUA

Fundador do Wikileaks, por meio de advogados, abriu um julgamento para contestar as regras estabelecidas por Quito para o seu asilo, há seis anos na embaixada equatoriana em Londres

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QUITO - O australiano Julian Assange, fundador do Wikileaks, disse nesta segunda-feira, 29, que o Equador quer encerrar seu asilo político na embaixada equatoriana em Londres e entregá-lo para o governo dos Estados Unidos. Assange falou por uma teleconferência como parte de um julgamento aberto por sua equipe jurídica para contestar as regras estabelecidas por Quito para o seu asilo.

Segundo o chanceler do país, o Equador não pode fazer “milagres” para solucionar a situação do fundador do Wikileaks. “Não podemos fazer milagres e o assunto depende de outros países. Esses países têm que se pronunciar”, falou o diplomata ao canal nacional Ecuavisa.

Em imagem de maio de 2017, Assange cumprimenta apoiadores da sacada da embaixada do Equador em Londres Foto: AP Photo/Frank Augstein

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“O senhor Assange, seus advogados, devem falar diretamente com eles (outros países envolvidos no caso)”. “O Equador não pode fazer algo que somente esses países podem fazer”, acrescentou Valencia.

A justiça do Reino Unido mantém a ordem de detenção contra Assange por incumprir as obrigações de sua liberdade condicional quando era acusado de supostos delitos sexuais cometidos na Suécia. Ainda que as causas suecas não tenham prosperado, o criador do Wikileaks teme ser extraditado aos EUA por ter divulgado milhares de documentos oficiais americanos secretos por meio do Wikileaks.

Na semana passada, o procurador-geral do Equador, Íñigo Salvador, afirmou que Quito expôs duas alternativas para solucionar o caso Assange: que se entregue à justiça britânica sob garantias conseguidas pelo Equador ou que permaneça na embaixada acatando um protocolo de regras sobre visitas, comunicações e condições de salubridade, cujo descumprimento derivará na “terminação do asilo”.

Londres informou que a condenação por violar a liberdade condicional “não ultrapassaria seis meses” e “ele não seria deportado ou extraditado para nenhum outro país”, adicionou.

O equatoriano Carlos Poveda, um dos advogados de Assange, manifestou que o australiano estaria disposto a se entregar se lhe for assegurado que não será extraditado aos EUA. Londres não se pronunciou.

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Assange apresentou em Quito uma demanda constitucional contra Valencia que alega a vulnerabilidade de direitos e busca o restabelecimento de suas telecomunicações, cortadas desde março, e impedir a aplicação do protocolo.

O Equador suspendeu todas as comunicações de Assange com o exterior da embaixada por falta de seu “compromisso escrito de não publicar mensagens que constituam uma ingerência na relação com outros Estados” ao se pronunciar sobre temas de outras nações. O chanceler declarou nesta segunda-feira que “nenhum direito humano” do fundador do Wikileaks foi violado com o protocolo, aplicado desde outubro e o qual garante a regra de que “não há uma afetação das relações internacionais do Equador com terceiros Estados”. / AP e AFP

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