Assembléia deve eleger Duhalde presidente

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Por Agencia Estado
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O senador peronista Eduardo Duhalde deve aceitar a indicação como presidente da Argentina, com o apoio de setores peronistas, da União Cívica Radical e da Frepaso, sob a condição um presidente de transição, até dezembro de 2003. Segundo fontes, Duhalde quer aplicar nos próximos dois anos um programa de consenso com os partidos que têm representação parlamentar. A casa de Duhalde, na localidade de Lomas de Zamora, província de Buenos Aires, é palco de intensa romaria de dirigentes políticos e economistas. Duhalde também já se teria comunicado com o ex-vice-presidente Carlos ?Chacho? Alvarez, que estaria disposto a voltar "lentamente" à cena política. Duhalde é uma das principais lideranças do Partido Justicialista (Peronista). Paradoxalmente, é um político que foi derrotado nas urnas há pouco mais de dois anos por Fernando De la Rúa, que renunciou à presidência do país no dia 21 de dezembro, após um governo caótico. Duhalde, se for eleito, como tudo indica, seria o quinto presidente da República em menos de duas semanas. Após a renúncia de De la Rúa, tomou posse da presidência do país o presidente do Senado, Ramón Puerta, que ficou no cargo apenas 48 horas, para logo passar a faixa e o bastão presidencial para Adolfo Rodríguez Saá, eleito por consenso pelo Congresso Nacional. Uma semana depois, sem apoio de seus próprios correligionários, Rodríguez Saá renunciou no fim da noite deste domingo, disparando acusações contra seu próprio partido e ?lobbies econômicos?, passando a presidência para Ramón Puerta. Este, no meio de um providencial ataque de asma, declinou a responsabilidade, deixando o ônus do interinato de administrar a Argentina para o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Camaño. Durante toda esta segunda-feira, o último dia do ano mais atribulado da história recente do país, Duhalde, alíás, ?El Cabezón?, como é chamado ironicamente por seu protuberante crânio, esteve reunido com seus principais assessores, analisando um plano econômico para tirar o país da grave crise social e política na qual está mergulhado. Além disso, começava a formular as linhas gerais de seu gabinete, para o caso de sua confirmação nesta terça-feira à tarde. Um dos nomes especulados para ocupar a pasta da Economia era o do presidente do HSBC, Emílio Cárdenas. Outro nome era o do deputado Jorge Remes Lenicov, e não se descartava a permanência do atual secretário da Fazenda e Finanças, Rodolfo Frigeri, que também é um homem de confiança de Duhalde. Está previsto que nesta terça-feira, a partir das 14 horas, horário de Buenos Aires, a Câmara de Deputados em conjunto com o Senado realizaria uma sessão conjunta sob a denominação de ?Assembléia Legislativa?, para definir quem seria o novo presidente argentino. O único nome ouvido nesta segunda-feira pelos corredores do Congresso Nacional era o de Duhalde. Além disso, a Assembléia teria que decidir se o novo presidente governaria o país por um período de três meses, até a realização de eventuais eleições presidenciais diretas no dia 3 de março, que implicariam a posse de um novo presidente no dia 5 de abril. Esta hipótese parecia cada vez mais distante. Logo de manhã, ?El Cabezón? havia conseguido o apoio do governador da província de Buenos Aires, Carlos Ruckauf, que desta forma deixou de lado suas ambições de disputar a presidência da República em março, em eleições diretas. No entanto, dentro do peronismo ainda existiam resistências à eliminação das eleições. Um dos que não se resignavam era o governador da província de Córdoba, José Manuel de la Sota, que insistia na realização do sufrágio popular. A idéia de deixar Duhalde até dezembro de 2003 como ocupante do ?sillón de Rivadavia?, como é conhecida a cadeira presidencial, obteve apoio da própria União Cívica Radical (UCR), partido do ex-presidente De la Rúa. O vice-presidente da UCR, Juan Manuel Casella, declarou que a UCR estava disposta a votar a favor de Duhalde, sob a condição de que governasse até 2003. Para a UCR, a suspensão das eleições previstas para março seria um alívio, já que um teste nas urnas, depois da caótica administração De la Rúa, poderia ser fatal para o futuro deste partido. Casella sustentou que o apoio da UCR seria amplo, mas somente no Congresso. Com esta declaração, o centenário partido declinava qualquer possibilidade de envolver-se em um governo de união nacional. ?O novo governo deve ter a maior homogeneidade possível?, argumentou Casella, deixando claro a resistência da UCR em se envolver em um governo cujo sucesso nos próximos meses é incerto. Leia o especial

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