
28 de novembro de 2012 | 18h26
Adversários da medida, que a consideram ditatorial, mantiveram seus protestos pelo sexto dia na praça Tahrir, no Cairo, e disseram que a pressa em concluir o processo constituinte pode piorar as coisas.
Duas pessoas morreram e centenas ficaram feridas em vários lugares do Egito por causa de confrontos em decorrência do decreto de Mursi.
A Irmandade, grupo político ao qual Mursi pertence, espera substituir o decreto por uma Constituição inteiramente nova, a ser aprovada em referendo popular, disse à Reuters uma fonte da agremiação.
Trata-se de uma aposta baseada na crença dos políticos islâmicos de que conseguirão mobilizar votos suficientes para aprovar o referendo. Políticos da Irmandade venceram todas as eleições realizadas no Egito desde a rebelião popular que depôs o regime de Hosni Mubarak.
Mas a conclusão da nova Carta deve acirrar divisões que já estão sendo expostas nas ruas. A Irmandade e seus aliados islâmicos convocaram manifestações para o sábado na praça Tahrir, o que poderá causar confrontos com adversários do presidente, que na terça-feira realizaram um grande protesto ali.
A oposição não-islâmica boicota a assembleia constituinte, formada por 100 membros, por considerar que os políticos islâmicos estão tentando impor sua visão para o futuro do Egito.
A legitimidade jurídica da assembleia já foi questionada em numerosos processos que solicitam sua dissolução. Sua legitimidade popular foi abalada pela retirada de liberais e cristãos.
"Vamos começar agora e terminar hoje, se Deus quiser", disse o presidente da assembleia, Hossam el Gheriyani, ao dar início à sessão, na qual anunciou que a quinta-feira será "um grande dia".
"Se vocês estão chateados com o decreto, nada irá pará-lo exceto uma nova Constituição promulgada imediatamente", disse ele.
Três outros deputados constituintes disseram à Reuters que há planos para levar o documento a votação na quinta-feira.
A Constituição precisa estar em vigor antes da eleição de um novo Parlamento, e até lá Mursi deterá poderes executivos e legislativos. Uma eleição pode ocorrer no começo de 2013.
(Reportagem adicional de Tom Perry e Marwa Awad)
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