NAÇÕES UNIDAS - A Assembleia-Geral da ONU voltou a pedir nesta terça-feira, 28, a suspensão do embargo dos Estados Unidos contra Cuba com a aprovação de uma resolução que recebeu o apoio de 188 dos 193 integrantes das Nações Unidas. Apenas EUA e Israel votaram contra o texto, enquanto Micronésia, Palau e Ilhas Marshall se abstiveram.
Trata-se da 23.ª ocasião consecutiva desde 1992 em que a Assembleia-Geral se manifesta contra o bloqueio americano à ilha a pedido do governo cubano.
Nos discursos prévios à votação, grupos como o Movimento de Países Não-Alinhados, o Mercosul, a Celac e a União Europeia, países latino-americanos como Colômbia, México e Venezuela e potências como Rússia, Índia e China coincidiram em assinalar os problemas e os efeitos negativos do embargo.
A resolução, intitulada "Necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba", recebeu os mesmos votos que há um ano.
Na apresentação do documento, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, denunciou que o embargo produziu danos econômicos acumulados de mais de US$ 1 trilhão e os custos humanos do bloqueio não param de crescer. "São já 77% os cubanos que nasceram sob essas circunstâncias. O sofrimento de nossas famílias não pode ser contabilizado", declarou Rodríguez, lembrando que várias convenções internacionais proíbem medidas como as impostas por Washington.
O chanceler destacou ainda o crescente apoio à suspensão do embargo que é perceptível em "todos os setores da sociedade americana" e lembrou que o bloqueio "prejudica Cuba, mas prejudica também os EUA". "Convidamos o governo dos EUA a uma relação mutuamente respeitosa, sobre bases recíprocas, baseada na igualdade soberana, nos princípios do Direito Internacional e na Carta das Nações Unidas."
Várias delegações que discursaram nesta terça destacaram o papel positivo de Cuba na comunidade internacional e deram como exemplo a contribuição de Havana na luta contra o ebola na África Ocidental, para onde a ilha enviou centenas de profissionais de saúde.
No entanto, o representante americano, o diplomata Ronald Godard, comentou que embora esses trabalhos sejam "louváveis", não "escusam o tratamento que o regime dá a seu próprio povo".
Para os EUA, que insistem que o bloqueio tenta ajudar o povo cubano a poder exercer seus direitos humanos e liberdades fundamentais, "essa resolução (suspensão do embargo) só serve para distrair dos problemas reais dos cubanos". /EFE