Assembleia local é incendiada no México

Manifestações contra desaparecimento de 43 estudantes no Estado de Guerrero se espalham pelo país e colocam governo na defensiva

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Por CIDADE DO MÉXICO
Atualização:

Cerca de 500 estudantes e professores mexicanos incendiaram ontem o plenário e a biblioteca da Assembleia Legislativa do Estado de Guerrero em protesto contra o desaparecimento de 43 estudantes da cidade de Iguala, em setembro. A onda de manifestações contra o governo aumentou ontem e protestos foram registrados em Oaxaca, Estado vizinho. Estradas foram bloqueadas e sedes de partidos, carros e ônibus, queimados.

Manifestantes incendeiam Assembleia Legislativa do Estado Foto: Pedro Pardo/AFP

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Em Amsterdã, durante o jogo entre as seleções de Holanda e México, também houve manifestação contra o desaparecimento dos estudantes da Escola Rural de Ayotzinapa, levados pela polícia de Iguala a mando do prefeito e da primeira-dama da cidade e entregues a um cartel Guerreros Unidos, antes de desaparecer.

Aos 43 minutos do primeiro tempo, um grupo de torcedores vestindo roupas negras e portando faixas e retratos dos jovens levantou lenços escuros para chamar a atenção para o drama das famílias que ainda buscam uma resposta para o sumiço de seus filhos.

Em pronunciamento no Vaticano, o papa Francisco expressou solidariedade aos parentes dos desaparecidos. O pontífice afirmou que se trata de assassinato e condenou o tráfico de drogas. "Quero expressar de alguma forma aos mexicanos aqui presentes e aos que estão no México solidariedade neste momento doloroso. É visível a realidade dramática de tudo que existe por trás do comércio e do tráfico de drogas. Estou ao lado de vocês e das famílias de vocês", disse o papa.

Na França, o subsecretário de Relações Exteriores do México, Juan Manuel Gómez Robledo, rebateu as críticas ao modo como o governo está lidando com o desaparecimento dos estudantes. "O governo respondeu com abertura, absoluta transparência e uma contundência que não se vê há alguns anos", afirmou Gómez Robledo, encarregado do setor de direitos humanos da secretaria.

Sobre o atraso na resposta do governo à crise, o funcionário mexicano disse que a questão fará parte de uma investigação independente liderada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). O subsecretário destacou que o acordo de colaboração, que foi assinado ontem, permite que a CIDH "faça denúncias ou até anule decisões do governo".

Gómez Robledo defendeu também a decisão de manter a viagem do presidente mexicano Enrique Peña Nieto à Ásia, apesar da onda de protestos. "Não foi uma decisão tomada com leviandade", disse. "Um país que desempenha o papel que tem o México no cenário global dificilmente pode se ausentar de eventos tão importantes."

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Investigação.

O Ministério Público mexicano anunciou ontem que os restos humanos encontrados à beira do Rio San Juan durante as buscas pelos estudantes desaparecidos foram enviados para análises em um laboratório na Áustria.

O envio dos restos para a Universidade de Innsbruck foi anunciado horas depois de a Equipe Argentina de Antropologia Legista (EAAF) - que realiza uma perícia independente nas investigações sobre o desaparecimento dos 43 estudantes - informar que os restos humanos analisados até agora não são dos adolescentes.

/ AFP, EFE e REUTERS

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