Assessor nega que novo líder egípcio tenha feito aceno ao Irã

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Uma agência iraniana de notícias disse que o presidente-eleito do Egito, Mohamed Mursi, manifestou interesse em reatar relações com o Irã e estabelecer um "equilíbrio" na região, mas um assessor de Mursi negou que a entrevista tenha ocorrido. A agência Fars disse que conversou com Mursi no domingo, horas antes de o candidato da Irmandade Muçulmana ser declarado vencedor do pleito. As declarações atribuídas a ele causaram preocupações entre governos ocidentais que tentam isolar o Irã por causa do seu programa nuclear. Durante a campanha, o candidato islâmico vinha adotando uma postura moderada, sem entrar em confronto com governos ocidentais. Irã e Egito romperam relações em 1980, ano que se seguiu à Revolução Islâmica iraniana e ao acordo de paz de Camp David, entre egípcios e israelenses. Mursi teria dito à semioficial agência Fars que "precisamos restaurar relações normais com o Irã com base em interesses partilhados, e ampliar as áreas de coordenação política e cooperação econômica, porque isso irá criar um equilíbrio de pressão na região". Mas Yasser Ali, assessor de Mursi, declarou à Reuters que "nunca houve uma reunião com a agência iraniana de notícias Fars, e as que foram tidas como declarações não têm base na verdade". No seu site, a Fars publicou uma transcrição e um áudio da entrevista - embora o homem identificado como Mursi não soasse exatamente como ele. Também na segunda-feira, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, enviou mensagem a Mursi cumprimentando-o pela vitória. "Enfatizo a ampliação das relações bilaterais e o fortalecimento da amizade entre as duas nações", escreveu ele, segundo a TV estatal iraniana. O Irã qualificou o resultado da primeira eleição livre na história egípcia como uma "esplêndida visão de democracia", marcando o sucesso no Egito do "Despertar Islâmico" - termo que políticos iranianos usam para descrever a chamada "Primavera Árabe" e suas consequências. Egito e Irã têm manifestado interesse em uma reaproximação desde a revolução que derrubou o presidente egípcio Hosni Mubarak, em 2011, mas diplomatas ocidentais dizem que o restabelecimento de relações não deverá ser uma prioridade do novo governo. (Por Marcus George e Marwa Awad)

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