25 de junho de 2012 | 18h58
A agência Fars disse que conversou com Mursi no domingo, horas antes de o candidato da Irmandade Muçulmana ser declarado vencedor do pleito. As declarações atribuídas a ele causaram preocupações entre governos ocidentais que tentam isolar o Irã por causa do seu programa nuclear. Durante a campanha, o candidato islâmico vinha adotando uma postura moderada, sem entrar em confronto com governos ocidentais.
Irã e Egito romperam relações em 1980, ano que se seguiu à Revolução Islâmica iraniana e ao acordo de paz de Camp David, entre egípcios e israelenses.
Mursi teria dito à semioficial agência Fars que "precisamos restaurar relações normais com o Irã com base em interesses partilhados, e ampliar as áreas de coordenação política e cooperação econômica, porque isso irá criar um equilíbrio de pressão na região".
Mas Yasser Ali, assessor de Mursi, declarou à Reuters que "nunca houve uma reunião com a agência iraniana de notícias Fars, e as que foram tidas como declarações não têm base na verdade".
No seu site, a Fars publicou uma transcrição e um áudio da entrevista - embora o homem identificado como Mursi não soasse exatamente como ele.
Também na segunda-feira, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, enviou mensagem a Mursi cumprimentando-o pela vitória. "Enfatizo a ampliação das relações bilaterais e o fortalecimento da amizade entre as duas nações", escreveu ele, segundo a TV estatal iraniana.
O Irã qualificou o resultado da primeira eleição livre na história egípcia como uma "esplêndida visão de democracia", marcando o sucesso no Egito do "Despertar Islâmico" - termo que políticos iranianos usam para descrever a chamada "Primavera Árabe" e suas consequências.
Egito e Irã têm manifestado interesse em uma reaproximação desde a revolução que derrubou o presidente egípcio Hosni Mubarak, em 2011, mas diplomatas ocidentais dizem que o restabelecimento de relações não deverá ser uma prioridade do novo governo.
(Por Marcus George e Marwa Awad)
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