
22 Fevereiro 2017 | 18h07
PARIS - Dois assessores diretos de Marine Le Pen, candidata da Frente Nacional (FN) à presidência da França, foram denunciados nesta quarta-feira, 22, pelo Ministério Público por abuso de confiança em uma investigação sobre empregos fictícios que teriam exercido no gabinete da candidata no Parlamento Europeu. Segundo as investigações em curso, o guarda-costas Thierry Légier e a assistente Catherine Griset eram remunerados pelo legislativo em Estrasburgo, quando na realidade prestavam serviços ao partido político, que tem sede nos arredores de Paris.
Na segunda-feira 20, a sede da legenda na cidade de Nanterre já havia sido alvo de uma operação policial, que resultou na apreensão de computadores e documentos sobre a agenda dos dois assessores. Quando da operação, o advogado do partido, Marcel Ceccaldi, acusou o Ministério Público de "perturbar o bom desenrolar da campanha eleitoral presidencial", negando as acusações de corrupção.
Na semana passada, o Parlamento Europeu anunciou a intenção de bloquear 50% do salário de Le Pen como eurodeputada e de confiscar parte de suas ajudas de custos com o objetivo de obter o reembolso dos € 339,9 mil que os dois funcionários teriam recebido irregularmente. A candidata se nega a fazer o reembolso.
O escândalo de empregos fictícios é o segundo da campanha eleitoral em curso. Além de Le Pen, François Fillon, candidato do partido Republicanos, de direita, também foi atingido pela revelação de que sua mulher e dois de seus filhos exerceram cargos e assessores parlamentares, supostamente sem que tenham de fato trabalhado nas funções. Fillon deve ser denunciado nas próximas semanas, mas já anunciou que será candidato à eleição presidencial em qualquer cenário - uma condenação não aconteceria antes do segundo turno do pleito, e em caso de vitória ele teria imunidade.
A mesma situação vale para Marine Le Pen. A populista de direita também anunciou que não abandonará sua candidatura - hoje favorita para vencer o primeiro turno, em abril - nem em caso de denúncia. A nacionalista ainda tem minimizado o escândalo alegando que está sendo perseguida pelo Parlamento Europeu, instituição cuja existência ela combate.
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