12 de janeiro de 2013 | 02h04
A polícia de Londres divulgou ontem o resultado de um inquérito que aponta que Jimmy Savile, famoso apresentador de TV britânico morto em 2011, abusou fisicamente de centenas de pessoas por seis décadas. A maioria das vítimas dos 214 crimes listados pelos investigadores eram menores de idade, entre elas uma criança de 8 anos. O relatório afirma que Savile realizava as agressões no prédio da BBC e em hospitais onde fazia trabalho voluntário.
Entre suas vítimas, 73% eram menores de 18 anos, a maioria tinha entre 13 e 16 anos e 82% eram mulheres. A maior parte dos crimes ocorreu entre 1966 e 1976, no auge da carreira do apresentador. "As marcas das agressões de Savile eram vastas, predatórias e oportunistas", afirmou o comandante Peter Spindler, que reconheceu, pela primeira vez, que o apresentador poderia ter sido indiciado antes de morrer, o que teria sido uma falha da promotoria.
Savile foi uma das maiores estrelas da BBC nos anos 70 e 80 e recebeu o título de cavaleiro da rainha Elizabeth II e foi condecorado pelo papa João Paulo II por seu trabalho de caridade. De acordo com o relatório divulgado ontem, ele utilizou sua imagem e seu status de celebridade para ter acesso a crianças vulneráveis e cometer os 214 crimes sexuais listados, incluindo 34 estupros, por toda a Grã-Bretanha.
Detetives iniciaram uma investigação três meses atrás após acusações sobre o comportamento abusivo de Savile feitas em um documentário de TV. A primeira ocorrência foi em 1955, em Manchester, no norte do país. A último foi em 2009.
O escândalo causou uma das mais graves crises da história da BBC, rede de TV pública britânica, afetando a imagem do então diretor-geral, George Entwistle, que pediu demissão após 54 dias no cargo, e de seu antecessor, Mark Thompson, que assumiu o posto de presidente e diretor executivo da New York Times Co., em outubro.
Quando Thompson dirigia a BBC, uma reportagem investigativa sobre o ex-apresentador conduzida pelo programa Newsnight, da mesma emissora, foi cancelada semanas antes da transmissão de um tributo a Savile. Logo depois, uma emissora concorrente, a ITV, levou ao ar sua própria investigação sobre Savile, o que despertou uma onda de novas acusações contra o apresentador. A BBC nega ter acobertado o caso e alega razões editoriais para o cancelamento da reportagem. / REUTERS e AP
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