PUBLICIDADE

Ataque aéreo da Otan mata 90 pessoas no Afeganistão

Força Aérea bombardeia caminhões-tanque sequestrados pelo Taleban; ao menos 40 civis morreram no local

Atualização:

Um ataque aéreo sobre dois caminhões-tanque que haviam sido sequestrados por militantes taleban matou 90 pessoas no norte do Afeganistão, incluindo 40 civis. A Otan confirmou o ataque, mas não deu detalhes. O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen, disse que "ainda não está claro" se houve vítimas civis no bombardeio.

 

Veja também:

especial Especial: 30 anos de violência e caos no Afeganistão 

 

A Otan confirmou que o ataque ocorreu na estrada principal que leva a Baghlan, na província de Kunduz. O governador local disse que entre os mortos estão alguns altos comandantes do Taleban e mais de 40 civis.  Um representante do Taleban confirmou que membros do grupo haviam roubado dois caminhões de combustível na noite de quinta-feira, mas que acabaram sem poder avançar pela estrada. Os militantes então decidiram esvaziar os cargueiros e os moradores da região se aglomeraram para tentar recolher parte do combustível. Foi neste momento que o ataque aéreo atingiu os caminhões, provocando uma grande explosão.

 

"Houve um ataque aéreo da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) contra os taleban durante a noite. Um número de militantes morreu e existe a possibilidade de civis também terem morrido. Mas isso ainda não está claro", declarou Rasmussen na sede da Otan, onde também anunciou uma investigação sobre o ocorrido.

 

O secretário-geral da Otan disse que uma equipe liderada por um almirante do quartel-general da Isaf foi enviada ao local do bombardeio para "tentar esclarecer o mais rápido possível" o que aconteceu. Rasmussen acrescentou que o general Stanley McCrystal, comandante-em-chefe da Isaf, já entrou em contato com o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, para explicar a situação. Em nota, Karzai afirmou que atacar civis em operações militares é "inaceitável".

Publicidade

 

Um dos motoristas da Otan disse que dois de seus colegas haviam sido decapitados pelos membros do Taleban quando os veículos foram sequestrados. Em Cabul, um porta-voz da Isaf, a força de manutenção de paz liderada pela Otan, informou à BBC que seus membros haviam detectado os dois veículos às margens do rio Kunduz e que então ordenaram o ataque. Segundo o porta-voz, vários insurgentes morreram.

 

O governador de Kunduz, Mohammad Omar, disse que entre os mortos está um comandante do Taleban em vários distritos de Kunduz, Abdur Rahman, entre vários outros altos membros do grupo, e ainda quatro combatentes chechenos. "Abdur Rahman é um homem muito perigoso", afirmou o governador. "Eu espero que a morte dele terá um efeito positivo na cidade de Kunduz." Funcionários apontaram que pelo menos 12 pessoas estavam hospitalizadas após o ataque. Segundo Omar, a maioria dos corpos estava com muitas queimaduras.

 

O bombardeio acontece na semana em que o chefe das tropas internacionais no país, o general Stanley McChrystal, tinha proposto revisar a estratégia no Afeganistão e dar prioridade à proteção da população civil frente aos insurgentes.

 

Cada ano morrem vítimas da violência que assola o país milhares de pessoas e as mortes de civis foram de fato um dos principais motivos de discórdia entre as tropas estrangeiras e o governo afegão, que as considera "inaceitáveis". Segundo dados da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama), no primeiro semestre do ano morreram 1.013 civis no país vítimas do conflito, o que supõe um aumento de 24% respeito ao mesmo período do ano anterior. Deles, 595 pessoas foram assassinadas pelas forças insurgentes e 310 morreram em ataques das tropas regulares e internacionais, sem que fosse possível determinar uma responsabilidade pelo resto dos falecimentos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.