Atentados com carros-bomba na Turquia deixa 11 mortos e mais de 200 feridos

Ações foram atribuídas ao PKK e provocaram danos consideráveis no prédio do quartel-general da polícia de Elazig; esta foi a primeira vez que os ataques ocorreram uma região em que a população não é majoritariamente curda

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

ISTAMBUL, TURQUIA - Uma série de ataques a bomba atribuídos a rebeldes curdos e que tiveram como alvo as forças de segurança da Turquia deixaram ao menos 11 pessoas mortas e 226 feridas, segundo oficiais turcos.

Na noite de quarta-feira, 3 pessoas, sendo 2 civis e 1 policial, morreram e 73 ficaram feridas em Van, no leste da Turquia, em um atentado com carro-bomba cometido pelo Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), declarou o governador Ibrahum Tasyapan. Cerca de uma tonelada de explosivos foram utilizados, de acordo com a agência de notícias Dogan. Van é uma das grandes cidades de população mista - curda e turca -, além de ser um destino turístico popular.

Equipe de resgate e policiais turcos inspecionam área onde ocorreu o ataque com um carro-bomba na cidade de Elazig Foto: AFP PHOTO / ILYAS AKENGIN

PUBLICIDADE

Nesta quinta-feira, 18, outros 3 policiais morreram e 146 pessoas ficaram feridas, 14 em estado grave, em um ataque com carro-bomba contra o quartel-general da polícia de Elazig, reduto nacionalista no leste da Turquia de população não curda. Até agora, a região não havia sido afetada pelo conflito entre o Estado turco e os rebeldes curdos.

O ataque, rapidamente atribuído ao PKK pelo ministro da Defesa, Fikri Isik, provocou danos consideráveis no edifício de quatro andares e nos imóveis vizinhos, onde se encontram casas reservadas às famílias dos policiais, segundo as redes de televisão locais. Esta foi a primeira vez em que os atentados alcançaram regiões em que a população não é majoritariamente curda. 

Várias pessoas que entraram no edifício pouco depois da explosão, ouvida a quilômetros de distância, gritavam freneticamente à procura de sobreviventes, segundo as imagens chocantes divulgadas pela emissora CNN Türk. A explosão abriu uma cratera de vários metros de diâmetro.

"Até agora não havíamos tido um ataque assim na cidade, nem recebido informações sobre um eventual ataque", indicou à CNN Türk Omer Serdar, deputado do partido islamista-conservador no poder AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento), visivelmente surpreso.

Veja abaixo: Três mortos e 140 feridos em atentado na Turquia

Publicidade

Ainda nesta quinta-feira, outro atentado - desta vez na Província de Bitlis - deixou quatro soldados mortos e sete feridos depois que rebeldes detonaram um dispositivo explosivo improvisado em uma estrada pela qual trafegava um veículo militar, segundo oficiais. Na mesma ação, um guarda que ajudava as forças de segurança no confronto contra o PKK também foi morto, informou a agência de notícias Anadolu.

O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim viajou a Elazig para visitar o local das explosões e os feridos. Ele disse aos veículos de imprensa locais que o movimento (do opositor Fethullah) Gulen e o PKK são liderados pela mesma "inteligência" com o objetivo de causar danos ao país.

As forças de segurança turcas sofrem ataques quase diariamente por parte do PKK desde o fim do cessar-fogo no verão de 2015. Centenas de policiais e militares morreram. Segundo a Human Rights Watch, mais de 7 mil combatentes curdos e mais de 300 civis morreram no último ano, enquanto 355 mil pessoas foram obrigadas a fugir em razão da retomada do conflito.

No expurgo posterior à tentativa frustrada de golpe militar lançado pelas autoridades turcas contra simpatizantes de Gulen, acusado de ser o cérebro do golpe, milhares de policiais e soldados foram demitidos ou detidos, aumentando os temores de um enfraquecimento dos meios do Estado para combater o PKK.

Contudo, o ministro da Defesa garantiu à agência de notícias pró-governamental Anatolia que "desde 15 de julho a República da Turquia é ainda mais forte" e que, mais cedo ou mais tarde, conseguirá erradicar o PKK. / AFP e Associated Press

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.