Ataque contra oleoduto saudita expõe risco às exportações de petróleo do Oriente Médio

Ataque ocorre num momento em que os EUA se empenham para eliminar as exportações de petróleo do Ira

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Por Redação
Atualização:

O ataque com drone perpetrado por rebeldes iemenitas que obrigou a Arábia Saudita a fechar sua principal rota de transporte de petróleo pelo país ressalta os riscos às exportações do produto do Golfo Pérsico num momento em que Estados Unidos se empenham para eliminar as exportações de petróleo do Irã, exacerbando as tensões regionais.

Imagem cedida por agência dos Emirados Árabes do petroleiroAl Marzoqah Foto: EFE/Agencia de Noticias de Emiratos

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Por que o ataque é importante?

A empresa estatal saudita Aramco é a maior exportadora de petróleo bruto do mundo e a Arábia Saudita entende que seu papel nos mercados de petróleo globais é ajudar a equilibrar a oferta e a demanda e servir de escudo contra picos de preços. A maior parte dos 17 milhões de barris diários vendidos pelo país parte de portos no Golfo Pérsico e passa pelo Estreito de Hormuz.

Hormuz é uma das mais importantes vias de navegação no mundo para o transporte de petróleo e por ele trafegam 17,5 milhões de barris do produto por dia - o que representa quase um quinto da produção de petróleo mundial e 40% de todo o petróleo bruto negociado diariamente.

Desde um ataque de sabotagem contra navios petroleiros sauditas no domingo, as principais rotas de exportação do reino estão ameaçadas, o que já elevou o preço do petróleo nos mercados e intensificou a incerteza geopolítica. O Irã ameaçou bloquear o Estreito se os Estados Unidos o impedirem de exportar seu petróleo.

EUA não renovarão isenção que permitia a oito países comprar petróleo do Irã apesar das sanções impostas por Washington Foto: REUTERS/Raheb Homavandi

Por que o oleoduto Leste-Oeste é importante?

Os principais campos petrolíferos da Arábia Saudita estão no leste do país, sob o deserto Empty Quarter e as águas do Golfo. O oleoduto leste-oeste transporta o produto desses depósitos para as refinarias e para o Porto de Yanbu, na costa do Mar Vermelho, a oeste. Construído nos anos 80, e desde então ampliado, é a mais importante via de ligação do país para transporte do petróleo. É uma rota alternativa para as exportações do petróleo bruto, no caso de o Estreito de Hormuz ser fechado. Embora não atenda a todas as necessidades de exportação da Aramco, parte do petróleo saudita pode ser enviada para os mercados.

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Os tanques de armazenamento do produto em Yanbu ajudam os sauditas a manterem o fornecimento para o mercado neste momento, mas um fechamento prolongado poderá causar problemas. Quando a refinaria de Jazan, também na costa do Mar Vermelho, estiver concluída, no fim do ano, ela poderá se tornar um novo alvo, ainda mais perto do Iêmen.

Qual o volume de petróleo que o oleoduto transporta?

Com 1,2 mil quilômetros, ele tem capacidade para transportar 5 milhões de barris por dia e a Aramco pretende expandir esse volume para 6,5 milhões de barris em 2023. No ano passado foram transportados 2,1 milhões de barris por dia. A estatal usa menos da metade da plena capacidade do oleoduto porque depende muito dos seus terminais de petroleiros no Golfo. A maior parte do petróleo que chega aos terminais pelo oleoduto vai para refinarias que produzem gasolina e diesel para venda dentro do país e para o exterior. A Aramco exportou 750 mil barris diários por dia de Yanbu nos primeiros quatro meses do ano, menos de um décimo do total das suas exportações.

Qual é o contexto regional?

O ataque com drones na terça-feira ocorreu depois de outro realizado no domingo contra vários navios, incluindo dois petroleiros sauditas, em águas dos Emirados Árabes Unidos. Ninguém reivindicou o ataque e nem os sauditas ou os Emirados Árabes fizeram uma acusação direta. Mas o ministro da Energia saudita, Khalid Al-Falih, fez menção ao Irã como país patrocinador do terrorismo. “Esses ataques provam mais uma vez que é importante enfrentarmos entidades terroristas, incluindo as milícias Houthi no Iêmen que são apoiadas pelo Irã”, ele afirmou. / Bloomberg

Tradução de Terezinha Martino 

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