Ataque contra ônibus mata dois palestinos em Gaza

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Por Agencia Estado
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Dois palestinos lançaram granadas contra um ônibus israelense na Faixa de Gaza nesta segunda-feira antes de serem mortos por soldados israelenses em meio à escalada de violência que antecede as eleições gerais de 28 de janeiro no Estado judeu. Choques ocorridos no domingo deixaram outras 11 pessoas mortas, sendo nove palestinos e dois israelenses. No incidente desta segunda-feira em Gaza, os dois suspeitos atacaram um ônibus quando este deixava o assentamento judaico de Netzarim, disse um oficial do Exército. Os soldados abriram fogo e mataram os suspeitos. Uma pistola e outras seis granadas foram encontradas junto aos cadáveres, disse o oficial, que revelou apenas seu primeiro nome, Yoel. Por sua vez, o ministro da Defesa de Israel, Shaul Mofaz, deu resposta evasivas quando questionado sobre seus planos de ampliar a ofensiva contra supostos militantes palestinos. Segundo Mofaz, Israel está enfrentando uma "onda crescente de terror", mas "não acontecerá nada muito além do que já vem acontecendo" no que diz respeito às retaliações israelenses. Funcionários palestinos acusam o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, de ampliar as ações militares com o objetivo de desviar a atenção das acusações de corrupção que ameaçam sua tentativa de reeleger-se ao cargo. Ainda nesta segunda-feira, o presidente do Parlamento palestino, Ahmed Qureia, acusou o Estado judeu de impedir sua entrada na cidade cisjordaniana de Ramallah para abrir uma sessão parlamentar. Ele disse ter tentado atravessar dois postos de checagem operados pelo Exército de Israel, mas foi barrado em ambos. O Ministério das Relações Exteriores de Israel alegou não ter conhecimento de nenhum pedido específico de Qureia, mas comentou que a decisão está de acordo com uma determinação aprovada na semana passada pelo gabinete israelense de restringir o direito de ir e vir de funcionários palestinos em resposta a um duplo atentado suicida que deixou 23 pedestres mortos em Tel-Aviv. A proibição de viagem prejudicou os planos britânicos de contar com a presença de líderes palestinos em uma conferência sobre reformas na Autoridade Nacional Palestina (ANP) e opções para a paz com Israel que começará amanhã em Londres. Os palestinos participarão da conferência por telefone. A ANP divulgou hoje um documento que deverá ser apresentado na reunião em Londres, da qual participarão representantes do chamado Quarteto - Estados Unidos, Rússia, União Européia (UE) e Organização das Nações Unidas (ONU) - de países árabes. O documento defende que a ANP não pode passar por reformas enquanto o Exército israelense não amenizar as duras restrições impostas há meses contra os moradores das principais cidades palestinas. Na Faixa de Gaza, o líder espiritual do Hamas, xeque Ahmed Yassin, rejeitou hoje um pedido do presidente da ANP, Yasser Arafat, para que o grupo pare de atacar civis israelenses neste período que antecede as eleições no país. Ele sugeriu ainda que o grupo militante islâmico deverá seqüestrar israelenses para trocá-los por palestinos detidos em Israel. Durante o primeiro levante palestino, entre 1987 e 1993, o Hamas seqüestrou diversos soldados israelenses para pressionar pela libertação de prisioneiros palestinos. Como nenhum prisioneiro foi libertado, os militantes do Hamas assassinaram seus reféns. "Nossos inimigos só libertarão nossos prisioneiros pela força porque eles só conhecem a linguagem da força", declarou Yassin após uma reunião com Hisham Abdel Razek, ministro de gabinete responsável pelos palestinos detidos em Israel.

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