SANAA - Um ataque aéreo lançado pela coalizão liderada pela Arábia Saudita contra um funeral lotado deixou pelo menos 82 mortos na capital do Iêmen, Sanaa, informou o subsecretário do Ministério da Saúde, Nasser al-Argaly. Segundo ele, o ataque deixou outras 534 pessoas feridas.
Durante entrevista coletiva, al-Argaly afirmou que o número de mortos não é final. De acordo com agentes de segurança e fontes médicas, entre os mortos há militares e agentes de segurança ligados ao governo reconhecido internacionalmente, do presidente Abed Rabbo Mansour Hadi, assim como partidários do presidente Ali Abdullah Saleh. Entre os mortos está ainda o major-general Abdul-Qader Hilal, chefe do conselho local da capital, disseram autoridades.
"O lugar se tornou uma piscina de sangue", disse um dos agentes responsáveis pelo resgate das vítimas, Murad Tawfiq. Porta-voz dos rebeldes houthis em Sanaa, Mohammed Abdul-Salam criticou o ataque aéreo como mais um ato de "genocídio" da coalizão liderada pelos sauditas. "O silêncio das Nações Unidas e da comunidade internacional é a munição dos assassinos", disse ele. "Esses assassinos não escaparão da justiça divina."
O funeral onde ocorreu o ataque era do xeque Ali al-Rawishan, pai do ministro do Interior, Galal al-Rawishan, um aliado dos houthis e também do presidente Saleh.
A coalizão saudita apoia o governo de Hadi, que luta contra os houthis e os partidários de Saleh em uma guerra civil iniciada em 2014. Foram mortos quase 4 mil civis desde o início da campanha aérea liderada pela Arábia Saudita em março de 2015, segundo relatório recente da ONU.
No total, a ONU e grupos de direitos humanos estimam que o conflito tenha matado pelo menos 9 mil pessoas e deixado quase 3 milhões desabrigadas no país mais pobre do mundo árabe. Segundo o relatório da ONU, os ataques aéreos da coalizão foram responsáveis por 60% das mortes de civis desde julho de 2015. Apenas um quarto das mortes - 475 - foram atribuídas a forças rebeldes, como as leais a Saleh, e outras 113 mortes foram causadas por pessoas ligadas à rede terrorista Al-Qaeda e ao Estado Islâmico, diz esse levantamento. / AP