Ataque de militantes islâmicos em mesquita do Egito deixa 305 mortos

De acordo com a imprensa egípcia, militantes atingiram a mesquita sufista de Al-Rawdah, a oeste da cidade de Arish, com uma bomba e realizaram um ataque a tiros; presidente expressou condolência às famílias das vítimas e prometeu combater o terrorismo

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CAIRO - Pelo menos 305 pessoas morreram ontem em um atentado contra uma mesquita sufista no norte da Península do Sinai, no Egito. Entre as vítimas estão 27 crianças, e outras 128 pessoas ficaram feridas após o ataque. Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelo atentado - o mais mortífero na região nos últimos três anos. No entanto, os sufis, alvos do episódio, são considerados apóstatas pelos radicais do Estado Islâmico (EI). Um dos veículos usados pelos cerca de 30 militantes que atacaram o centro religioso ostentava uma bandeira do grupo terrorista.

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As forças de segurança egípcias têm combatido militantes do Estado Islâmico no norte do Sinai desde a deposição do islamista Mohamed Morsi da presidência do Egito, em julho de 2013. Horas depois do atentado, as forças militares egípcias realizaram ataques aéreos no Sinai.

Ataque a mesquita na Península do Sinai deixou dezenas de mortos e feridos Foto: EFE

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A presidência decretou três dias de luto. O presidente do Egito, Abdel-Fattah al-Sissi, condenou o ataque, qualificando-o de “criminoso” e “covarde”. Ele manifestou seu pesar pelos mortos e enviou condolências às famílias das vítimas. Em declaração transmitida pela TV, Sissi garantiu que o ataque “não ficará impune” e prometeu que o Egito vencerá a guerra contra o terrorismo.

Testemunhas disseram que militantes mascarados cercaram a mesquita de Al-Rawdah, oeste da cidade de Arish, a bordo de veículos 4x4, e colocaram uma bomba na parte externa do prédio. Depois da explosão, os homens armados invadiram o local, atirando contra os fiéis em pânico, que tentavam fugir. Em seguida, eles atearam fogo aos veículos para bloquear o acesso à mesquita.

A mídia estatal mostrou imagens de vítimas ensanguentadas dentro da mesquita. “Atiraram nas pessoas que saíam. Também dispararam contra as ambulâncias”, afirmou um morador da região cujos parentes estavam no local do atentado.

O braço egípcio do Estado Islâmico, o Wilayat Sinai, matou centenas de policiais e soldados nos últimos três anos. Os terroristas têm atacado principalmente as forças de segurança, mas também têm lançado atentados contra tribos do Sinai que colaboram com o Exército e a polícia. Em julho, pelo menos 23 soldados foram mortos no norte do Sinai quando um suicida atacou um bloqueio de segurança com um carro-bomba. O Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado.

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EXPANSÃO. O grupo terrorista também tenta ampliar suas ações para fora da península, atacando igrejas e peregrinos cristãos coptas. Em maio, ataque contra um grupo de coptas que se encaminhava a um mosteiro deixou pelo menos 28 mortos no sul do Egito.

Em julho, pelo menos 23 soldados foram mortos no norte do Sinai quando um terrorista suicida atingiu um bloqueio de segurança com um carro-bomba. O Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado. 

A passagem fronteiriça entre o Egito e a Faixa de Gaza seria reaberta hoje pela primeira vez desde agosto, mas permanecerá fechada, segundo informou uma autoridade palestina.

O Egito é ameaçado por extremistas islâmicos ligados à rede Al-Qaeda, que operam a partir da Líbia, na fronteira oeste do país. Um grupo chamado Ansar al-Islam (“Partidários do Islã”, em árabe) assumiu a autoria de uma emboscada em outubro no deserto egípcio, no qual 16 policiais morreram.

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Em retaliação, o Exército lançou ataques aéreos que mataram o líder do grupo, Emad al-Din Abdel Hamid, um ex-oficial militar que se juntou a um grupo afiliado à Al-Qaeda no reduto jihadista líbio de Derna.

TRUMP. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou ontem o “covarde” atentado cometido contra uma mesquita no Egito e defendeu uma resposta militar contra os terroristas. Em mensagem na sua conta do Twitter, ele qualificou como “horrível” este ataque terrorista contra “inocentes e indefesos fiéis” em uma mesquita na Península do Sinai. “O mundo não pode tolerar o terrorismo, devemos derrotá-los militarmente e desacreditar a ideologia extremista que constitui a base da sua existência”, afirmou. Trump, que está na Flórida com sua família por ocasião do tradicional Dia de Ação de Graças, destacou no Twitter que pretendia conversar com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, sobre “levar paz ao desastre que herdei no Oriente Médio”.

Em um comunicado, a Casa Branca disse que “não pode haver tolerância com os grupos bárbaros que dizem atuar em nome de uma fé, mas atacam templos e assassinam inocentes e indefesos enquanto oram”. O papa Francisco também manifestou sua firme condenação ao atentado que ele qualificou de “um ato de brutalidade sem sentido contra civis inocentes reunidos em oração”. Segundo o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Paroli, “o papa Francisco transmitiu solidariedade ao povo egípcio, pediu “a misericórdia de Deus às vítimas” e invocou bênçãos de “consolo e paz” para os parentes afetados.

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O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou em comunicado sua condenação ao “covarde ataque terrorista”. Ele disse confiar que os responsáveis pelo massacre serão rapidamente levados à Justiça. Por sua vez, o Conselho de Segurança da ONU, em comunicado divulgado pelo presidente rotativo do órgão, o embaixador italiano Sebastiano Cardi, classificou o ataque como “covarde” e “atroz”. / REUTERS, AFP e EFE

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