03 de outubro de 2015 | 15h35
Atualizado às 23h26
GENEBRA - A Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que os ataques contra um hospital no Afeganistão administrado pela entidade Médicos Sem Fronteiras poderiam ser um "crime de guerra" e qualifica o bombardeio de "inaceitável".
"Esse acontecimento profundamente chocante deve ser investigado de forma imediata, profunda e independente, e os resultados devem ser divulgados ao público", disse o alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad al Hussein, em Genebra. "A gravidade do incidente é ainda maior pelo fato de que, se for considerado intencional pela Justiça, um ataque a um hospital pode ser considerado um crime de guerra", alertou.
A ONU preferiu não citar nominalmente a responsabilidade dos Estados Unidos e, em sua declaração, apenas alertou que a investigação precisaria ser levada à cabo contra os "responsáveis".
Por meio de um comunicado divulgado pela Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ofereceu suas “profundas condolências” pelos médicos e outros civis mortos. Obama disse ainda que vai aguardar os resultados das investigações antes de fazer um julgamento sobre as circunstâncias do “incidente”.
O jordaniano Zeid, por sua vez, apelou por uma "ampla e transparente investigação" sobre o que teria ocorrido no hospital de Kunduz.
"Estrategistas internacionais e afegãos têm a obrigação de respeitar e proteger civis a todos os momentos, e estruturas médicas e seus funcionários são alvos de uma proteção especial", insisitu Zeid. "Essas obrigações são aplicadas independentemente de qual força aérea tenha sido usada e seja qual for o local do ataque", disse.
Segundo a ONU, a entidade Médicos Sem Fronteiras indicou a forças pró-governamentais o local exato do hospital. "Ainda que ainda tenha de ser estabelecido se o hospital ou a área ao lado foi o alvo do ataque, os bombardeios continuaram a atingir a região por 30 minutos depois que as forças pró-governamentais foram informadas de que estavam ameaçando uma estrutura médica", indicou Zeid.
Mesmo sem citar os Estados Unidos, a ONU indicou em um comunicado que porta-vozes do governo americano foram registrados declarando que aviões norte-americanos estavam realizando uma operação na região quando o hospital foi atingido.
Para Zeid, a investigação em relação ao incidente precisa começar imediatamente e terá de ser "independente, imparcial, transparente e eficiente".
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