PUBLICIDADE

Ataque no Quênia apresenta novo desafio para os EUA

Por Agencia Estado
Atualização:

A tentativa frustrada de derrubar um avião israelense carregado de turistas com um míssil, no Quênia, mostrou os limites do caríssimo aparato de segurança em aeroportos montado nos Estados Unidos depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. O novo sistema, que custará US$ 5 bilhões por ano, terá seu primeiro grande teste neste fim de semana dos feriados do Dia de Ação de Graças, tradicionalmente o de maior movimento de passageiros nos EUA. Cerca de 45 mil inspetores uniformizados da nova Administração de Segurança nos Transportes (TSA) estarão a postos nos 429 aeroportos comerciais do país verificando a bagagem de mão e as malas despachadas e fazendo a revista dos passageiros, para minimizar as chances de repetição de um seqüestro semelhante ao que levou à destruição das torres gêmeas do World Trade Center e ao ataque ao Pentágono. O novo serviço federal já produziu os primeiros efeitos positivos. Desapareceram as filas intermináveis nos portões de controle de segurança dos aeroportos americanos, do pós-11 de setembro, e o número de pessoas dispostas a viajar de avião está subindo, embora não tenha atingido ainda os níveis anteriores aos dos devastadores ataques terroristas do ano passado. Mas o fracassado atentado em Mombasa reforçou os argumentos de críticos como Stephen E. Flynn, especialista em segurança do Council of Foreign Relations. Para Flynn, a TSA é resultado de uma resposta política ao 11 de setembro. Criou-se uma nova burocracia para fazer o trabalho de segurança mais visível para o público. Mas, ao concentrar recursos na segurança nos aeroportos, o governo manteve o sistema de transportes tão ou mais vulnerável do que era antes. "Se o 11 de setembro tivesse envolvido um trem ou um navio de carga, teríamos respondido de maneira semelhante, reforçando a segurança dos trens e dos navios e portos, porque somos uma nação reativa", disse ele. "O problema é que a ameaça terrorista é permanente e amorfa." Terra e mar Flynn chama atenção para o fato de que, enquanto os milhares de inspetores de segurança estão fazendo o trabalho de revista de passageiros nos aeroportos, "apenas uma pequeníssima porcentagem dos 1,2 milhão de contêineres, 51 mil navios, 11 milhões de caminhões e 2,2 milhões de vagões de trens que entram nos EUA diariamente são submetidos a uma inspeção rigorosa, e qualquer um deles poderia transportar uma arma de destruição em massa". Apenas 2% dos contêineres e caminhões passam por sistema de raio-X e outros métodos que permitem ver seu conteúdo. Os próprios aviões comerciais continuam vulneráveis a ações de terroristas que podem se infiltrar entre o pessoal que opera os serviços de manutenção na pista. Uma investigação recente nos aeroportos de Nova York resultou na demissão de 118 pessoas desses serviços - 20 eram imigrantes ilegais e 98 haviam mentido sobre seus antecedentes criminais ou dado números falsos da seguridade social. Alguns especialistas em segurança acreditam que as únicas medidas eficazes contra seqüestros de avião são a instalação de portas de segurança reforçadas para proteger os pilotos e a disposição dos passageiros de reagir fisicamente contra seqüestradores. Um disparo certeiro de um míssil contra um avião comercial, num dos mais de 10 mil decolagens e pousos que ocorrem diariamente nos EUA, provavelmente levaria ao fechamento do espaço aéreo semelhante ao que aconteceu nos dias seguintes ao 11 de setembro. Mas a desorganização e o prejuízo de tal evento seria pequeno comparado com o cenário que preocupa Flynn. "Se o sistema de transporte marítimo ou terrestre for usado com veículo para tal arma, a resposta seria, quase que certamente, fechar o sistema, a um enorme custo econômico para os EUA e seus parceiros comerciais", disse ele.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.