Ataque no sul do Sudão deixa mais de 100 mortos, diz governo

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Por SKYE WHEELER
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Mais de 100 pessoas morreram em um ataque de milícias tribais contra uma aldeia do sul do Sudão, disseram autoridades nesta segunda-feira. Imóveis foram queimados, e freqüentadores de igrejas foram agredidos na manhã de domingo nessa região produtora de petróleo, que ainda busca a estabilidade após duas décadas de guerra civil. Guerrilheiros da tribo Lou Nuer atacaram a aldeia de Duk Padiet, reduto da tribo rival Dinka, disseram autoridades à Reuters. A dimensão da carnificina só ficou clara na segunda-feira, quando as autoridades chegaram a essa remota localidade no Estado de Jonglei. Ao todo, 51 moradores da aldeia e 28 soldados e policiais foram mortos, segundo o porta-voz militar Kuol Diem Kuol. "Dos agressores, 23 corpos foram achados no chão. Os agressores foram encontrados fardados, com armas, e organizadores (...) em pelotões com rifles G3", disse ele. A ONU estima que mais de 1.200 pessoas tenham sido mortas em ataques étnicos no sul do Sudão neste ano. Alguns dos piores combates aconteceram em Jonglei, cujo território abrange partes de uma zona petrolífera a ser explorada pela empresa francesa Total. Políticos do sul sudanês acusam seus ex-inimigos da guerra civil, do norte, de armarem tribos rivais para desestabilizar a região, em meio aos preparativos para as eleições de 2010 e um referendo em 2011 sobre a secessão do sul. Cartum nega a acusação. "Esta é uma campanha contra o Acordo de Paz Abrangente (de 2005) e contra o povo de Duk", disse Mayen Ngor, comissário do Condado de Duk, falando por telefone à Reuters de perto do local do ataque. De acordo com ele, os agressores incendiaram 260 palhoças, prédios do governo local e uma delegacia, ferindo 46 pessoas e forçando milhares a fugir. Cerca de 2 milhões de pessoas morreram na guerra de 1983 a 2005 entre o norte do Sudão, muçulmano, e o sul, majoritariamente cristão. O conflito também criou conflitos entre tribos vizinhas, já que o norte apoiava milícias rivais no sul. Alguns analistas e líderes do sul dizem que a onda de violência marca a volta das milícias do sul, apoiadas por grupos que tentam fragilizar o acordo de paz, ou uma ação de líderes locais que tentam fortalecer suas posições políticas para as eleições.

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