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Ataque sem aval da ONU perde legalidade, diz Jimmy Carter

Em nota, ex-presidente dos EUA diz que operação agravará a situação na região e não trará solução para o conflito

Por WASHINGTON
Atualização:

O provável ataque "punitivo" dos Estados Unidos contra a Síria será ilegal sem o aval do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ou um amplo apoio de outras instituições internacionais, afirmou ontem o ex-presidente Jimmy Carter, que pertence ao mesmo partido de Barack Obama, mas é um crítico de sua política de combate ao terrorismo.Em nota divulgada ontem, Carter disse que a operação agravará a situação na região e não trará uma solução para o conflito. Na tarde de ontem, Obama disse que gostaria de agir em coordenação com a "comunidade internacional", mas ponderou que o Conselho de Segurança da ONU demonstrou "incapacidade" para avançar "diante de uma clara violação de normas internacionais".Qualquer tentativa de condenação da Síria dentro da organização é barrada por Rússia e China, dois dos cinco membros que têm poder de veto - os demais são Estados Unidos, Grã-Bretanha e França. "Eu demonstrei de maneira consistente e declarei de maneira consistente minha forte predileção pela ação multilateral, sempre que possível", declarou Obama na Casa Branca. "Mas não atende aos interesses dos Estados Unidos ignorar uma clara violação desse tipo de norma internacional", ressaltou, em referência ao tratado que bane o uso de armas químicas.Apesar de os britânicos terem desembarcado da ofensiva americana, o secretário de Estado, John Kerry, declarou ontem que os EUA não estão está "sozinhos" em sua determinação de "fazer alguma coisa e agir".Kerry mencionou o apoio da Liga Árabe, da Organização para Cooperação Islâmica, da Turquia, da Austrália e "do mais antigo aliado" dos Estados Unidos, a França - que esteve do lado dos americanos na guerra de independência contra a Inglaterra. Obama conversou ontem por telefone com dirigentes de vários países, entre os quais o presidente francês, François Hollande. Segundo nota da Casa Branca, ambos "concordaram em que a comunidade internacional não pode tolerar o uso de armas químicas e deve punir o regime (sírio) e enviar uma forte mensagem de que o uso de armas químicas não é aceitável".O democrata também discutiu a situação na Síria com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, derrotado anteontem em sua tentativa de obter aval do Parlamento para agir contra o regime de Bashar Assad. Relato da Casa Branca disse que os dois avaliaram que o uso de armas químicas é "inaceitável e não pode ser tolerado" (mais informações sobre a posição dos aliados dos americanos na página A16). / C.T.

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