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Atentado contra sinagogas mata pelo menos 23 na Turquia

Por Agencia Estado
Atualização:

Dois carros-bombas explodiram quase simultaneamente hoje na frente de duas sinagogas em Istambul, matando pelo menos 23 pessoas e ferindo mais de 270, segundo as últimas cifras oferecidas pelo ministro turco de Saúde, Recep Akdag. Um grupo militante islâmico turco assumiu responsabilidade pelos atentados, divulgou a agência semi-oficial Anatolia. Segundo a rede privada de TV CNN-Turk, a polícia suspeita que a Al-Qaeda tenha tido participação. Para o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan tratou-se de um ataque "à paz e estabilidade na República Turca". Ele condenou em duros termos "este ataque contra a humanidade". O ministro do Interior Abdulkadir Aksu disse que a polícia investigava se foram atentados suicidas ou se os explosivos foram detonados por controle remoto. É proibido estacionar na frente das sinagogas. Imagens de câmaras de segurança mostraram um Fiat vermelho explodindo na frente da sinagoga Neve Shalom depois de o motorista que o estacionou deixar o local a pé. Os atentados foram executados durante as orações do Sabá, por volta das 9h30 (6h30 de Brasília). Seis dos mortos e cerca de 80 dos feridos eram judeus. Mas a grande maioria das vítimas é de pedestres que nada tinham a ver com a comunidade judaica, segundo Silvio Obadia, porta-voz da Associação de Judeus da Turquia. A sinagoga Neve Shalom, a maior da cidade, foi severamente danificada. Os edifícios e os automóveis estacionados na rua foram danificados num raio de 200 metros do ponto da explosão. Vidros se quebraram e muros caíram. A sinagoga Neve Shalom já foi palco de um massacre em 1986, quando um grupo terrorista palestino irrompeu no templo e disparou contra os fiéis, causando a morte de 22 pessoas. Seis anos mais tarde, desconhecidos lançaram duas granadas no interior da sinagoga, mas só feriram uma pessoa. A outra explosão provocou o desabamento do teto da sinagoga Bet Israel, no luxuoso bairro de Sisli, 5 km de distância da primeira, onde vivem muitos judeus. A Anatolia divulgou que uma pessoa assumiu num telefonema à agência a responsabilidade em nome da Frente de Combatentes Islâmicos do Grande Oriente e prometeu novos ataques: "ataques vão continuar no futuro e o motivo é evitar a opressão aos muçulmanos." Esta organização, também conhecida como IBDA-C, foi fundada em 1985 e as autoridades atribuíram a ela a responsabilidade por vários atentados durante os anos 90, entre eles um atentado a bomba que deixou 15 feridos também em Istambul no dia 31 de dezembro de 2000. No entanto, a maioria de seus líderes está presa e não se acreditava que o grupo fosse capaz de cometer ataques como o de hoje. A polícia acredita que o atentado foi sofisticado demais para ter sido promovido pela IBDA-C sozinha, e recentes informações de inteligência apontavam que a Al-Qaeda planejava ataques na Turquia. Em Istambul vivem cerca de 20.000 judeus, a maioria deles sefarditas, descendentes dos judeus expulsos da Espanha no final do século 15, e constituem uma das maiores comunidades judaicas em um país muçulmano.

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