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Atentado mata 33 e reforça temor de novo ciclo de violência no Iraque

Segundo ataque em 3 dias em Bagdá põe em xeque vitória sobre milícias e ameaça obstruir plano de retirada dos EUA

Por AP , NYT e BAGDÁ
Atualização:

No segundo grande atentado em três dias no Iraque, um suicida detonou ontem os explosivos que carregava perto de um grupo de líderes sunitas e xiitas que passeavam em um mercado nos arredores de Bagdá. As autoridades haviam acabado de deixar um encontro sobre a reconciliação nacional. Atribuído à Al-Qaeda, o ataque deixou pelo menos 33 mortos e 46 feridos. Especial multimídia relembra os principais momentos da Guerra do Iraque No domingo, uma explosão perto de uma academia de polícia da capital matou 32 pessoas. Os recentes atentados reforçaram o temor de que militantes consigam lançar uma nova onda de terror após um período de queda da violência no país e o anúncio do presidente americano, Barack Obama, de retirar as tropas de combate do Iraque até 2010. No mesmo período de 2008, entretanto, o número de vítimas da violência foi quatro vezes maior do que em 2009. No ataque de ontem, um militante com explosivos presos ao corpo infiltrou-se no grupo de líderes tribais que andava pelo mercado. O comerciante Ahmed Ali disse ter escutado gritos de "Deus é grande" e disparos segundos antes da explosão. "Escondi-me por alguns instantes e quando levantei minha cabeça vi corpos arrasados, incluindo de mulheres e crianças. Sobreviventes berravam de medo", afirmou Ali. As autoridades haviam deixado uma reunião, patrocinada pelo governo do premiê Nuri al-Maliki, para avançar os esforços de reconciliação política na região de Bagdá. Dois jornalistas e seguranças, entre eles um coronel, que acompanhavam o grupo também morreram. O ataque aconteceu em Abu Ghraib, distrito de Bagdá que abriga a infame prisão onde, em 2004, americanos fotografaram abusos praticados contra detentos em um dos maiores escândalos da guerra. Nenhum grupo assumiu a autoria da recente onda de violência, mas o comandante dos EUA no Iraque, o general Ray Odierno, afirmou que "esses ataques foram conduzidos por pequenas células ligadas à Al-Qaeda". "Infelizmente, esses grupos ainda conseguem recrutar pessoas para fazer isso." O prefeito de Abu Ghraib, Shakir Fizaa, também culpou a Al-Qaeda. "O objetivo do ataque é frear a reconciliação e a melhora na segurança. Mas não seremos detidos por atos contra civis inocentes." "A reconciliação é a única reposta para os atos diabólicos que tentam arrasar os esforços nacionais", afirmou o porta-voz do governo, Ali al-Dabbagh. De acordo com os planos da Casa Branca, que mantém 140 mil soldados no Iraque, as tropas dos EUA deixarão as cidades iraquianas já nos próximos três meses e 12 mil soldados serão retirados até setembro, conforme anunciou Obama no domingo. No mesmo mês, 4 mil britânicos deixarão o Iraque. A presença estrangeira no país deve ser encerrada em 2011. PRORROGAÇÃO Apesar de os EUA afirmarem que os índices de violência no Iraque atingiram seu patamar mais baixo desde 2003, militantes passaram a cometer atentados ousados, especialmente no norte do país, próximo de Mossul. Bagdá, onde aconteceu o atentado de ontem, é considerada uma região relativamente segura. Odierno, entretanto, descartou a possibilidade de o governo Maliki solicitar a prorrogação da ocupação americana. "Com os progressos que fizemos e a situação que temos hoje, não vejo nada que nos faça renegociar a data-limite de 2011", afirmou. O comando militar americano deu sinais ontem de que, após a prometida saída dos 12 mil militares em setembro, poderá retirar ainda mais soldados do Iraque. A decisão suplementar poderá envolver até 3.500 homens. Mas ela só será tomada depois de uma nova avaliação das condições de segurança, disse Odierno. FRASES Ahmed Ali Comerciante iraquiano "Escondi-me por alguns instantes e, quando levantei minha cabeça, vi corpos arrasados, incluindo de mulheres e crianças. Sobreviventes berravam de medo" Shakir Fizaa Prefeito de Abu Ghraib "O objetivo do ataque é frear a reconciliação e a melhora na segurança. Mas não seremos detidos por atos contra civis inocentes" Ray Odierno General dos EUA "(Os recentes ataques) foram conduzidos por pequenas células ligadas à Al-Qaeda. Infelizmente esses grupos ainda conseguem recrutar pessoas para fazer isso"

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