Atentado mata 63 em Bagdá e Bush prepara mudanças

De acordo com a polícia, outros 236 civis ficaram feridos após explosões simultâneas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Duas explosões simultâneas mataram ao menos 63 pessoas nesta terça-feira em Bagdá, horas antes de o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, realizar uma teleconferência com seus comandantes no Iraque para discutir alterações na política de ocupação. Anteriormente, 71 uma mortes haviam sido relatadas por fontes da policia iraquiana. Ainda não foi possível confirmar qual das duas contagens está correta. Fontes do Ministério do Interior disseram que pelo menos 236 pessoas ficaram feridas nas explosões. O atentado ocorreu por volta das 7h (2h pelo horário de Brasília) na Praça Tayaran, local onde costumam se concentrar marceneiros, encanadores, pedreiros, pintores e outras categorias em busca de trabalho. Muitos trabalhadores que freqüentam os bares e camelôs da região são xiitas pobres. De acordo com agência AP, o ataque coordenado envolveu um motorista que, com promessas de empregos temporários, atraiu para dentro de um miniônibus uma pequena multidão. O veículo foi detonado simultaneamente com um outro carro-bomba, posicionado a 30 metros do local. A explosão destruí vitrines de lojas, abriu crateras e resultou no incêndio de outros 10 veículos. "Um motorista em uma picape parou e perguntou por trabalhadores. Quando eles se reuniram em volta do carro, explodiu", disse uma testemunha, que ajudava um sobrevivente. "Eles eram trabalhadores pobres procurando emprego", queixou-se a testemunha. "Os pobres deveriam ser protegidos pelo governo". Em outro episódio de violência nesta terça-feira, um cameraman da TV da AP foi assinado por insurgentes enquanto cobria uma batalha. Este é o terceiro funcionário da agência de notícias a morrer no Iraque. Saddam O primeiro-ministro Nouri al-Maliki, xiita, atribuiu o "horrível massacre" a seguidores de Saddam Hussein e ao grupo sunita Al-Qaeda. "Nós condenamos esse crime terrível. As forças iraquianas de segurança perseguirão esses criminosos e os levarão à justiça", assegurou o chefe de governo. As explosões deixaram vários carros em chamas e espalharam uma nuvem de fumaça sobre a cidade. Tiros foram ouvidos em seguida. Em um discurso diante do Parlamento, o presidente da casa, o sunita Mahmoud al-Mashhadani, declarou: "Hoje houve um massacre, do tipo a que os iraquianos estão se acostumando a presenciar todas as manhãs". Ele destacou que as vítimas eram pessoas pobres em busca de emprego para alimentar suas famílias. "Deus amaldiçoe quem quer que esteja por trás disso", prosseguiu. Ele também pediu ao Parlamento - dividido entre xiitas, sunitas e curdos - que "encontre uma solução" para os muitos problemas do Iraque. O Iraque vive há meses um conflito entre a maioria xiita e a minoria sunita, que dominou o país durante décadas e agora comanda a insurgência contra a ocupação americana. Milhares de pessoas já foram mortas, e muitos temem que o país esteja às portas de uma guerra civil. Pesquisa Nos EUA, uma nova pesquisa mostrou que a maioria dos americanos apóia uma rápida retirada das tropas, o que amplia a pressão para que Bush altere sua estratégia no Iraque, onde ao menos 2.931 soldados já morreram desde a invasão, em 2003. Uma semana depois de o presidente receber 79 recomendações de uma comissão bipartidária a respeito do Iraque, Bush não parece entusiasmado com as principais sugestões e prepara seu próprio plano. Nesta terça-feira, ele realiza uma videoconferência com os comandantes em Bagdá, e em seguida se reúne com o vice-presidente iraquiano Tareq al-Hashemi, sunita. Na quarta-feira, Bush visita o Pentágono. O relatório bipartidário propõe negociações diretas com Irã e Síria e a retirada das tropas de combate dos EUA até o começo de 2008. Bush não parece disposto a aceitar nenhuma dessas recomendações. Ele não descarta uma conferência regional para ajudar o Iraque, envolvendo Irã e Síria, mas a Casa Branca sinalizou que a organização deveria partir de Bagdá. Segundo a pesquisa USA Today/Gallup publicada na segunda-feira, 55 por cento dos entrevistados querem a saída das tropas dentro de um ano, mas só 18 por cento acreditam que isso ocorrerá. Texto e título atualizados às 17h50 para alteração do número de vítimas

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