Atentado não afeta relação do governo da Colômbia e o ELN

Segundo autoridade colombiana, negociações continuam com o grupo guerrilheiro

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Por Agencia Estado
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A tensão vivida pela Colômbia após o atentado em Bogotá não afetará à nova rodada de contatos, que começou nesta sexta-feira em Cuba, entre o Governo colombiano e a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), segundo o alto comissário para a paz, Luis Carlos Restrepo. As delegações do Governo da Colômbia, lideradas por Restrepo, e do ELN, por Erlington Chamorro, conhecido como "Antonio García", chefe militar da guerrilha, abriram nesta sexta a rodada de contatos em um hotel da capital cubana com mensagens encorajadoras sobre o desenvolvimento das conversas. Restrepo deixou claro em declarações à imprensa que tinha "instruções claras" do presidente Álvaro Uribe para "continuar avançando nesta rodada exploratória" com a segunda maior guerrilha da Colômbia. "Minha agenda de trabalho em Cuba segue inalterada", recalcou. A nova rodada de conversas começou no meio de uma nova escalada de tensão na Colômbia devido ao atentado de quinta-feira última contra o maior complexo militar de Bogotá, no qual ficaram feridas 23 pessoas. Acusação Uribe acusou, ainda nesta sexta, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) de terem realizado o atentado e anunciou a suspensão das conversas para conseguir a libertação dos seqüestrados por esta guerrilha. As Farc, por sua parte, responderam acusando organismos dos EUA de estarem por trás do atentado e denunciando que o presidente fechou a porta para a possibilidade de diálogos de paz. "A sociedade colombiana nos exige avanços e resultados, tanto o Governo como o ELN estamos sendo pressionados pela sociedade colombiana que está cansada da violência e de tanta dor e sofrimento", afirmou Restrepo. No entanto, reconheceu que, devido à dinâmica destes processos de negociação, o Governo da Colômbia optou pela prudência. Temas A agenda oficial do encontro inclui quatro temas relacionados com a participação internacional e da sociedade colombiana no processo, a ação política e a geração de um ambiente para a paz. Mas há outros temas fundamentais para avançar no diálogo, cuja importância destacou a guerrilha nos últimos dias, como a situação dos quatro milhões de refugiados pela violência no país e a possibilidade de uma anistia. Neste sentido, o alto Comissário explicou que seu Governo pediu ao ELN o fim de seqüestros e hostilidades, incluídas as ações contra a polícia. "Uma vez que todas as pessoas seqüestradas estejam livres, buscaríamos mecanismos legais para que os membros do ELN que estão nas prisões possam eventualmente receber algum tipo de benefício que alivie a pena ou lhes permita recuperar a liberdade", disse. "Vamos muito além, se avançamos neste terreno, buscaremos também os mecanismos para que pessoas que fizeram parte da violência possam acessar plenamente a participação política", ressaltou. "Mais importante que o ELN e o Governo é o um país com expectativas de paz e que exige imediatamente saídas efetivas para sua crise humanitária e de violência", disse o comandante guerrilheiro Antonio García. Avanços das Farc García fez votos para que as Farc avancem em um acordo humanitário, no diálogo e na solução política para que possam convergir no futuro em um processo de paz. Da reunião em Havana também participaram grupos da sociedade civil, que mantiveram encontros durante esta semana com os delegados do ELN, e representantes da Suíça, Noruega e Espanha, países que acompanham a busca de um processo de paz, assim como dos Governos de Cuba e Venezuela. As conversas entre o Governo de Álvaro Uribe e o ELN em Havana começaram em dezembro do ano passado e desde então aconteceram reuniões em fevereiro e em abril. O ELN, fundado em 1964 e que conta com cerca de 5.000 integrantes, é a maior guerrilha de país em tamanho depois das Farc.

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