TEERÃ - O ataque de um homem-bomba contra um ônibus nesta quarta-feira, 13, matou 41 membros da Guarda Revolucionária do Irã na região sul do país, segundo a imprensa iraniana. Foi um dos mais mortíferos atentados no Irã em anos.
A Guarda Revolucionária, uma força paramilitar de elite no Irã, rapidamente culpou os EUA pelo ataque, já que ele ocorreu durante a semana em que os líderes iranianos celebram o 40.º aniversário da Revolução Islâmica que derrubou o governo do xá Reza Pahlevi, que tinha o apoio de Washington, em 1979.
A força paramilitar não explicou precisamente como os americanos poderiam estar envolvidos. Autoridades em Teerã, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, sugeriram que foi mais do que uma coincidência que o ataque tenha ocorrido ao mesmo tempo em que o governo americano lidera uma conferência na Polônia com o objetivo de isolar o Irã, convidando seus adversários regionais Arábia Saudita e Israel. O Brasil também participa da reunião.
“Os EUA parecem adotar sempre as mesmas decisões equivocadas, mas esperam resultados diferentes”, apontou Zarif no Twitter.
Reportagens das agências oficiais Irna e Fars afirmam que as vítimas estavam viajando de Zahedan para Khash, perto da fronteira do Paquistão, um paraíso para militantes de grupos separatistas e traficantes de drogas.
Após noticiar inicialmente que 20 pessoas tinham morrido no ataque e outras 20 haviam ficado feridas, a agência Fars atualizou o número de baixas para 41, sugerindo que todos que estavam no ônibus foram mortos. Outros veículos de imprensa iranianos disseram que ao menos 27 morreram.
Autoria
Segundo a Fars, um suicida dirigindo um carro repleto de explosivos em uma rodovia os detonou perto do ônibus no qual viajavam os membros da Guarda. Um vídeo postado pela agência mostra o que seriam os destroços do ônibus.
Em uma mensagem na rede social Telegram, um grupo extremista sunita chamado Jaish al-Adl reivindicou a autoria do ataque, mas o governo iraniano não confirmou seu envolvimento. Jaish al-Adl, que significa Exército da Justiça, tem ligação com a rede terrorista Al-Qaeda e há anos opera no sul do Irã.
O Exército da Justiça é considerado “terrorista” pelo Irã e é formado por ex-membros de uma organização sunita extremista que conduziu uma rebelião violenta na Província do Sistão-Baluchistão (sudeste do Irã) até 2010. Nessa província, vive uma importante comunidade sunita com laços no vizinho Paquistão.
Um comunicado emitido pela Guarda Revolucionária afirmou que o ônibus estava levando “os guerreiros dos soldados do Islã, que retornavam da região para suas cidades após completar sua missão na fronteira”.
Enquanto EUA e Israel acusam Irã de fomentar o terrorismo no Oriente Médio, o próprio país tem sido alvo de ataques terroristas desde a Revolução Islâmica.
Em setembro, um atirador matou 25 e feriu 60 em um ataque contra uma parada militar em Ahvaz, no sudeste iraniano, onde grupos separatistas árabes são ativos. Entre as vítimas havia membros da Guarda Revolucionária e civis que assistiam ao evento.
Há menos de dois anos, milicianos armados, entre eles mulheres, invadiram o prédio do Parlamento e o mausoléu do aiatolá Ruhollah Khomeini, em ataques coordenados que mataram 13 pessoas.
O Estado Islâmico reivindicou a autoria da ação, dizendo que ela seria a primeira contra o Irã, onde a maioria muçulmana xiita é detestada pelos ideólogos extremistas sunitas do Estado Islâmico. / NYT e AFP