Atentado no Líbano mata 18 e fere 50

Explosão ocorre no dia em que Beirute reata relações com a Síria

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Por ASSOCIATED PRESS E REUTERS
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Uma bomba explodiu ontem na cidade de Trípoli, norte do Líbano, e atingiu um ônibus que transportava militares e civis. Pelo menos 18 pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas no atentado, o pior no país em mais de três anos. O ataque ocorreu no dia em que o governo libanês restabeleceu relações diplomáticas com a Síria. Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, mas há suspeitas de que grupos inspirados na Al-Qaeda detonaram a bomba, em retaliação a uma ofensiva do Exército libanês no ano passado contra o grupo de militantes palestinos Fatah al-Islam. As operações no campo de refugiados palestinos de Nahr el-Bared (norte) deixaram cerca de 400 mortos. O atentado em Trípoli, a segunda maior cidade do Líbano, representa um revés para os esforços de Beirute para encerrar anos de crise. A bomba, detonada por controle remoto, explodiu por volta das 8 horas, quando as ruas de Trípoli estavam bastante movimentadas. O ônibus tinha partido de Akkar, um bairro onde vivem muitos militares. Com a explosão, os vidros dos veículos foram destruídos e estilhaços se espalharam por toda a rua, atingindo pessoas a caminho do trabalho. "Saí de meu carro correndo e vi muitos corpos na rua", disse Nabil Sabaei, dono de um cinema no bairro. "Quando via alguém se mexendo, corria para ajudar. Não há religião no mundo que aceite atos como esse." Foragido, o líder do Fatah al-Islam, Youssef al-Absi , havia divulgado em janeiro uma gravação em áudio dizendo que seus combatentes iam "perseguir os aliados de (do general Michel)Suleiman", que comandou os ataques ao campo de refugiados palestinos. O Exército qualificou a explosão em Trípoli como um "ataque terrorista que tinha os militares como alvo". Funcionários do governo disseram à Associated Press que havia dez soldados mortos. ACORDO HISTÓRICO No fim do dia, o presidente libanês, Michel Suleiman, anunciou, em Damasco, a retomada das relações diplomáticas com a vizinha Síria. O governo sírio vinha sendo pressionado pelos EUA e a Europa para tratar o país vizinho como um Estado soberano e tomar medidas como reabrir a embaixada em Beirute e demarcar as fronteiras com o Líbano. A reaproximação foi elogiada pela secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice. Após ocupar o Líbano por quase três décadas, a Síria retirou suas tropas do país em 2005, após o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri. Investigações da ONU indicaram que funcionários do governo sírio foram os responsáveis pela morte de Hariri.

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