Atentados com caminhões-bomba matam dois em Argel

Ataques perpetrados contra delegacias foram atribuídos ao Grupo Salafista para a Pregação e o Combate (GSPC), que mantém vínculos com a Al-Qaeda

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Por Agencia Estado
Atualização:

Às vésperas de um novo aniversário da revolução argelina, que acontece no dia 1º de novembro, a duas pessoas morreram e outras 17 ficaram feridas em dois atentados com caminhões-bomba perpetrados na noite domingo na região de Argel, informaram fontes da segurança. Ambos os ataques foram dirigidos a delegacias de polícia nas localidades de Reghaia e Dergana, a 30 quilômetros ao leste da capital Argel, e provocaram pânico entre a população. Em Reghaia, três homens estacionaram um caminhão diante da delegacia e lançaram uma granada contra o edifício. Em seguida, começou um tiroteio, interrompido pela explosão do caminhão-bomba. Um civil morreu, enquanto 11 policiais ficaram feridos. A explosão abriu uma cratera de um metro de profundidade. "Se o atentado tivesse ocorrido de dia, o resultado seria uma verdadeira carnificina", assegurou um vizinho da delegacia. No segundo ataque, perpetrado dez minutos mais tarde também contra uma delegacia na localidade vizinha de Dergana, os terroristas utilizaram uma caminhonete bomba. A explosão deixou um morto e seis feridos. Ambos ataques foram atribuídos ao Grupo Salafista para a Pregação e o Combate (GSPC), a principal organização terrorista que continua ativa na Argélia, e que mantém vínculos com a Al-Qaeda. O último atentado com essas características realizado próximo a Argel ocorreu em 2003, e desde então acreditava-se que o grupo salafista não conseguiria mais se infiltrar na capital ou em sua periferia. Acredita-se que a ação teve por objetivo desacreditar as políticas de paz e reconciliação empreendida pelo presidente argelino, Abdelaziz Buteflika, cujo objetivo é acabar com a crise que atinge o país desde 1992. Graças às medidas de anistia modulada e reinserção social contidas na chamada Carta de Paz e Reconciliação, mais de mil ex-terroristas puderam retornar livremente a suas casas. Centenas de outros foram libertados e líderes da proscrita Frente Islâmica de Salvação (FIS), que haviam sido expatriados, puderam regressar ao país. As autoridades argelinas estimam que apenas 700 militantes permanecem na luta armada, os quais são chamados popularmente de "irredutíveis" ou "loucos". A maioria destes são do grupo salafista, herdeiro do famoso Grupo Islâmico Armado (GIA), praticamente desaparecido. Apesar de se manterem longe da capital, os salafistas cometeram cerca de 40 assassinatos - entre eles de 21 policiais - durante o mês sagrado do Ramadã.

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