Atentados deixam ao menos 73 mortos em áreas xiitas do Iraque

Falta de segurança e governo enfraquecido podem levar paísa nova onda de violência sectária

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Atualização:

Atualizado às 15h16

 

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BAGDÁ - Ao menos 73 pessoas morreram nesta quinta-feira, 5, em ataques em Bagdá e no sul do Iraque, na mais recente de uma série de atentados que colocam o país à beira de uma espiral de conflitos sectários em seguida à retirada de tropas dos Estados Unidos.

 

Autoridades provinciais dizem que 44 peregrinos xiitas morreram em um atentado suicida perto da cidade de Nasiriya. Outras 81 pessoas ficaram feridas no incidente. Pouco antes, o Ministério do Interior havia confirmado ao menos 29 mortes em explosões perpetradas em áreas xiitas de Bagdá. Os bombardeios desta quinta também deixaram dezenas de feridos, num momento de tensão política no país. O governo iraquiano, que há um ano se sustenta em uma frágil coalizão, vive forte crise desde que foi emitida uma ordem de prisão para o vice-presidente sunita Tariq al-Hashemi, duas semanas atrás, sob acusações de elos com extremismo. Ele nega as acusações. O partido al-Iraqiya, maior grupo sunita do Parlamento, está boicotando a assembleia como forma de retaliação. O bloco acusa o premiê Nouri al-Maliki, um xiita, de tentar monopolizar o poder do país. Hashemi, maior personalidade sunita do Iraque, está atualmente abrigado em Irbil, no Curdistão iraquiano, sob proteção do governo regional, mas Maliki pediu que ele fosse entregue à Justiça. Segurança em xeque A tensão política e a onda de ataques suicidas levantam dúvidas sobre a segurança do Iraque, poucos dias depois da saída das tropas dos EUA, que ocupavam o país desde 2003. Os atentados desta quinta-feira se equivalem em gravidade a outros realizados no final de dezembro, quando ataques aparentemente coordenados deixaram ao menos 63 mortos e 185 feridos em Bagdá. As suspeitas em atentados desse tipo costumam recair sobre a Al-Qaeda iraquiana, que abriga principalmente insurgentes sunitas. A violência no Iraque vinha declinando, após um pico entre 2006 e 2007 durante a guerra combatida pelos EUA. Agora que as últimas tropas americanas deixaram o país, o medo é de que as forças de segurança iraquianas não sejam capazes de conter os conflitos sectários e de que a instabilidade política derive em uma guerra civil. Perpetrados contra a maioria xiita, os ataques podem levar a retaliações contra a parcela sunita da população. Xiitas e sunitas Os xiitas, que com Maliki dominam grande parte da administração federal, haviam sido reprimidos durante o governo sunita de Saddam Hussein, apesar de serem majoritários no país. O correspondente da BBC no Oriente Médio Jim Muir explica que o governo de Maliki tem promovido a prisão de diversas pessoas suspeitas de apoiar o hoje banido Partido Baath (de Saddam). A maioria dos detidos são sunitas. Estes, por sua vez, se dizem perseguidos pelo atual governo e acusam Maliki de aproximação com o também xiita Irã. Os atentados só devem colaborar para aumentar as divergências entre as duas facções muçulmanas.

 

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